quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Como eu não vou deixar a peteca cair

e vocês são umas das coisas boas que aconteceram esse ano:

Desejo a todos um ótimo 2011! 

Eu continuo acreditando que o meu será maravilhoso, apesar de tudo.

Eu acredito no que eu construo, nas coisas as quais me dedico. Minhas metas e objetivos já foram traçados. Assim como em 2010, espero alcançá-los e vocês, como sempre, estarão ao meu lado, porque eu estarei no de vocês.

Que a esperança e a renovação estejam em todos!

Beijos!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Botando pra fora

Deixa só eu desabafar um pouquinho...
Aqui em casa não posso desabafar porque a pessoa precisa de toda nossa atenção no momento. Preciso manter os nervos, a calma e ainda ouvir os desabafos do lado de lá.
Pra mim, não tá fácil. Pra ninguém, aliás. Mas, a gente coloca um sorriso no rosto, esquece a tensão e não transformamos o assunto num tabu.
Eu converso, eu escuto, eu aconselho. Tiramos os dias para assistir filmes legais. Bastardos Inglórios. Oi? No fim, serviu pra extravasar: "Mata! Mata!" Tem que por a raiva pra fora de algum jeito. Tem que sentir raiva e não culpa. A culpa é de outra pessoa. O fato de "ter podido dizer não" não conta. O "não" não conta para alguém com premeditação e capacidade de manipulação. Assim deveria ser, com manipulação, como se nada errado estivesse acontecendo. Porque o mundo é perfeito e só estamos sendo bonzinhos ao fazer o que fazemos.
Eu sou mulher. Como tal, me coloco no lugar da vítima. E tenho nojo. Tenho raiva. E fico triste. Porque não acho justo. Não acho crível. Dói.
Marido me disse que nunca esperou tanto apoio de mim. Eu disse que é amor demais.
A verdade é outra. Eu sou linda, loira, serelepe e boazinha. Mas, não mexe com nenhum dos meus, não, faz favor, porque eu viro bicho e nada, nem ninguém me segura.
Só que eu estou aqui, impotente. Essa impotência também me machuca. Não vou mentir, mas queria voltar aos tempos dos pistoleiros e emboscadas. Pronto, falei. Porque pra mim, é o que merece quem fez o que fez. E ainda ficaria pendurado num pau de sebo.
Porra!
Acho que agora eu já falei demais. E vocês já sabem do que estou falando...
Eu vou para o Brasil, de lá, ficarei assistindo as coisas acontecerem. Mas, se preciso for, vou bater em algumas portas. Ah, se vou.
Não mexe com quem está quieto.

Que Deus me perdoe!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Em choque

Sabe aquelas coisas que você nunca gostaria que acontecesse com você, com algum amigo ou alguém da família e, muitas vezes, nem para o pior dos inimigos? E tão pouco imaginaria que poderia ter um caso na família? Pois é...

Na noite do dia 25 (a postagem de ontem estava programada), fiquei sabendo por meio da confissão da vítima de uma coisa desse tipo.

Eu não posso dar detalhes, só posso dizer que foi um crime, daqueles quase irreparáveis.

A pessoa queria guardar esse segredo até a morte, por culpa, como todas as vítimas sentem. Graças a Deus, não guardou. E coube a mim saber os detalhes sórdidos dessa história, olhando nos seus olhos angustiados.

Eu estou chocada, com raiva e triste. E com o coração em pedaços, porque eu imagino o tamanho do sofrimento e terei que partir no dia 02 para o Brasil. Nessa semana, ainda tenho que conversar muito sobre o assunto, pois é o melhor a fazer (arrumar mala, fazer últimas compras e me preparar par a viagem também). Ainda temos que, juntos, achar uma solução e colocá-la em prática, pois envolve muitas consequências. Além de tratar as sequelas psicológicas.

Por isso, caros leitores, me despeço por aqui de vocês deste ano. Não tenho condições de ser engraçada nesse momento, nem de deixar mensagens positivas em blogs amigos. Preciso também arrumar um jeito de tratar o estrago que isso fez em mim (ódio tem cura?) para poder achar forças para continuar apoiando (lembrando que minha mãe também quer o mesmo).

Do Brasil, talvez, eu consiga abstrair e dar notícias de lá.

Desculpem-me. Shit happens.

P.S. Aos amigos que já me conhecem pessoalmente: por favor, não perguntem. Eu conto quando puder ou se a pessoa achar necessário.

P.S do P.S. Pessoas queridas, eu não fui traída. Até porque, traição não é crime - não no meu país (atualização: ok, me lembraram que adultério no Brasil voltou a ser crime, deixa eu corrigir. Mas, continua não sendo esse o crime). O que aconteceu não foi comigo, mas é uma coisa que abala a família toda. É o tipo de coisa que pai nenhum deseja para um(a) filho(a). Pescaram? Obrigada!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

E começa outra caminhada...

Acho que alguns de vocês sabem que já estou procurando trabalho/estágio. Contei a saga que foi pra montar currículo traduzido e tirar foto.

No meio de novembro, mandei duas candidaturas para empresas diferentes e na primeira semana de dezembro mandei mais três. Todas para estágios. Lembram do que eu falei neste texto aqui, sobre me candidatar a vagas que tenham a ver com o fato de ser estrangeira? Então... As duas primeiras foram nesse perfil, as três últimas foram de acordo com o meu perfil profissional.

Dias atrás, recebi um email da primeira empresa para onde mandei meu currículo, chamando-me para uma entrevista. Eu pulei de alegria e entusiasmo. Seria minha primeira entrevista de verdade verdadeira. Mandei um email pra Jane, pedindo um help daqueles, porque a moça aqui ficou muito nervosa. Já pensou fazer uma entrevista em alemão? E ainda dentro da cultura empresarial alemã, onde tem que chamar todo mundo de Sie? Putz, morri!

Jane, como sempre, muito fofa, não só ligou, como me mandou, por email, um passo a passo para a entrevista. Isso foi numa terça. Na quarta, recebi uma ligação da segunda empresa para outra entrevista. As entrevistas seriam na quinta (a primeira) e na sexta (a segunda). Eu estava uma pilha de nervos. Mas, muito feliz com a sorte que eu estava tendo.

Eu fiz as entrevistas. Adorei a primeira empresa e o ambiente de trabalho, fui tratada super bem e mostravam já estar acostumados a lidar com estrangeiros (a vaga era pra nativo da língua portuguesa). A segunda empresa foi mais ou menos. Posso dizer que senti que eles não sabiam lidar com o fato de meu alemão não ser fluente e também por ser estrangeira, apesar de quererem alguém que falasse português ou espanhol. Eu queria a primeira vaga, e neguei a segunda por imaginar que, se não souberam lidar comigo na entrevista, também não saberiam lidar no dia a dia.

Eu não fui chamada pra primeira. Fiquei sem as duas. Mas, não fiquei, absolutamente, triste com isso, apenas momentaneamente chateada (me perguntando o que ficou faltando), passou rápido. Contudo, com essas duas entrevistas, sendo as duas primeiras candidaturas que envio e me chamam de cara (um mês depois, ok), pude tirar muitos pontos positivos:
- Eu consigo participar de uma entrevista em alemão.
- Ambos elogiaram muito meu currículo e perguntaram porque estava, então, querendo um estágio.
- Nem todo alemão é bicho-papão. ;)
- Empresas jovens são interessantes.
- Preciso ficar fluente o mais rápido possível, pois, ficou claro que só falta isso para um emprego, já que o currículo foi elogiado.
- Eu tenho chances de ser chamada para as outras 3 candidaturas. E para as que virão depois dessas.
- Ganhei experiência para as próximas.
- Eu vou conseguir, mais cedo ou mais tarde.

Foi só o primeiro "não" que recebi. Não dá pra desanimar tão rápido, né?

sábado, 25 de dezembro de 2010

Como foi por aí?

Como foi a noite de Natal de vocês?

Por aqui foi com gelo, trens parados e estradas interditadas.
Quem estava programando passar Natal com a família em outra cidade, ou ficou em casa sozinho, ou fez como meu cunhado e correu para a casa do familiar mais próximo: a nossa.
Todo ano, ele passa Natal com um grupo de sem-teto (Óhhhhhhhh! Tem isso na Alemanha também!) na cidade aonde ele morou 15 anos atrás. Esse ano não seria diferente. Só que, né? Os carros deslizavam nas estradas e os trens congelaram nos trilhos. Bora pra Berlin, então (ele mora em Potsdam, à 30km daqui).

Tem coisas que acontecem para melhor, porque eu gosto muito do meu cunhado e ter a companhia dele aqui em casa foi maravilhoso. Só sinto pelas pessoas que perderam a companhia dele.

E o presente que dei pra marido o deixou emocionado: um álbum com algumas fotos de momentos especiais que tivemos na Alemanha, com colagem de um poema/música de Vinícius de Moraes:

Eu sem você não tenho porquê
Porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz, jardim sem luar
Luar sem amor, amor sem se dar
Eu sem você sou só desamor
Um barco sem mar, um campo sem flor
Tristeza que vai, tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém“

Ah, sim, e Natal na Alemanha são 3 dias, a véspera, o dia e o dia seguinte. Então, amanhã ainda é Natal e, estando as estradas liberadas, vamos visitar a família de marido.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal

(música da Simone tocando)

Eu desejo a todos os amigos, leitores e frequentadores deste blog, um super-hiper-mega-ultra-power Natal!

Uma noite não só de jantar e troca de presentes, mas uma noite em que a família e o amor são as coisas mais importantes. Que sejam tão importantes a ponto de que transcendam a noite de Natal e permaneçam por todos os dias seguintes e seguintes e seguintes...

Porque o espírito de Natal deve permanecer!

Beijos, pessoas queridas!
P.S. Vamos fazer uma torcida para que a chegada do Ricardo seja em paz e que ele venha com saúde! Beijos especiais para a mamãe Arlete que espera seu filho para esses dias.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Querido Papai Noel

Esse ano, quero mais nada, não, viu? Já ganhei coisas suficientes.

- Marido tem um emprego que gosta
- Consegui concluir o nível do curso que eu queria (B2)
- Fiz a prova do certificado e passei
- O apartamente escolhido ainda no Natal do ano passado satifaz que é uma beleza
- Minha família tem saúde
- Amigos Reais
- Amigos Virtuais
- Fechei o ano com todos os meus objetivos alcançados
- E, em fevereiro, continuo a minha busca por trabalho

Quero mesmo só agradecer. Obrigada pela companhia esse ano todo. Obrigada por todos os desejos realizados. Obrigada por essa satisfação que sinto em mim hoje. Obrigada por me fazer enxergar que Natal é todo dia. Obrigada por tantas pessoas boas me fazendo companhia. Obrigada pelo amor que tenho no meu peito. Obrigada por todos os 365 desse ano. E obrigada pelo que sei que está por vir.

2011 será maravilhoso!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A pergunta que não cala

Eu sou uma mulher casada de 29 anos. Ponto. Eu tenho colegas/amigas alemãs solteiras de mais de 30. Eu não fico perguntando para elas porque elas não arrumam logo um marido pra poder ter um filho. Eu nem pergunto se estão namorando...

Por que elas têm que perguntar pra mim? Aí, quando eu respondo que não quero filhos, sempre vem um comentário depois, do tipo: "Ahhh, você não quer agora..."

Não foi diferente esse final de semana, num bar, com uma amiga alemã de 35 anos, solteira e médica. Eu vi que ela estava perguntando a marido sobre isso e fiquei só observando. Ele já sabe a resposta, claro, e foi a que deu pra ela. Aí, lá vem o comentário, típico de uma médica, aliás.

- Ahhh, mas ela ainda vai querer espalhar os genes dela por aí.

E eu dei a minha resposta, típica para uma médica, aliás:

- Quando eu quiser "espalhar meus genes por aí", eu vou doar sangue!

Ela não sabia se ria da perspicácia da moçoila aqui ou se ficava constrangida com a resposta bem dada.

Rá, minha filha, CHU-PA essa manga!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os cachorros de Berlin

Cena 01
Uma mãe está indo em direção a um parque aonde tem uma área exclusiva para cachorros. Já assisti muitos cachorros ficarem impacientes quando se aproximam dessa área, pois eles sabem que lá estarão "livres". Essa mãe tinha uma criança de uns três anos na mão esquerda e o cachorro de idade indecifrável na mão direita.

O cachorro, naturalmente, estava ansioso e ficava pulando angustiado na coleira. A mãe com paciência, parou e tentou "conversar" com o cachorro para que ele se acalmasse antes de chegar ao parque. Nesse meio tempo, a criança começa a chamar a sua atenção, enquanto ela, carinhosamente, "conversava" com o cachorro e ele já estava se acalmando.
- Mama!
- ... (não respondia porque estava concentrada no cachorro)
- Ma-ma!
- ...
- MAMA!
- CALA A BOCA!!!! (e voltou a conversar carinhosamente com o cachorro)

Cena 02
Uma mulher fazendo jogging nesse frio, às 10h da manhã, com seu cachorro ao lado. Ele estava sem coleiras. Fazia o tipo super educado. Do nada, o cachorro atravessa a rua e pula numa outra mulher.

A desesperada dona chama o cachorro com energia e vai atrás dele, porque ele não parava de "fazer festa" para a outra mulher. A outra mulher não estava entendendo nada e a dona do cachorro muito menos.

Foi só quando estavam cara a cara que se reconheceram, coisa que o cachorro já tinha feito metros atrás. Sei lá se eram amigas, colegas de trabalho, vizinhas. O que importa é que o cachorro aprova a relação.

Alemães não têm cachorros. São os cachorros que têm alemães.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Coragem

"Você é muito corajosa!"
"Você é um exemplo de coragem."
"Você é uma corajosa e eu admiro muito isso."

Há tempos estou pensando em escrever sobre isso e não achava as palavras corretas para tentar me fazer entender. Acho que dessa vez, eu consigo.

Eu sei que nós somos o reflexo de muitas coisas. Nossa personalidade é formada por, pelo menos, três pontos de vista: a nossa em relação a nós mesmos, a dos outros em relação a nós, e o que a gente acha que os outros pensam de nós (que nem sempre é o mesmo que eles pensam realmente).

Eu já percebi que os outros acham que eu sou corajosa. Eles me dizem isso. Vocês me dizem isso.

Por que corajosa? Porque eu sai do Brasil e vim morar na Alemanha? Porque eu cheguei aqui sem falar alemão? Porque eu deixei trabalho e "carreira" por lá? Família e amigos? E se isso não foi coragem, mas fuga ou falta de opção?

Quando decidimos nos mudar para a Alemanha, marido e eu não estávamos na nossa melhor fase, passávamos por um inferno astral que já durava mais de dois anos. Não, o casamento continuava muito bem, foi por ele que sobrevivemos. Mas, passamos por problemas financeiros, empresa sendo fechada, um parco "patrimônio" sendo vendido ou dilapidado, marido desempregado e eu, vivendo de prestação de serviços, bons trabalhos, mas, prestação de serviços. Marido, no Brasil, já era considerado velho para a vida profissional. Ele tem dois filhos para ajudar a criar. Em todo esse período, a ex-mulher cuidou de tudo sozinha. E eu dando graças a Deus por ela ser compreensiva. Só que não dava pra viver assim eternamente. O que fazer, então?

Procurar opções mais viáveis! Aonde marido poderia voltar a estabilizar a sua vida? E aonde eu teria chances de recomeçar? Alemanha.

Eu decidi que não o deixaria. Ele decicdiu que sem mim não queria viver. Nós decidimos estar juntos. E nós sabíamos que uma nova vida só seria possível aonde ele tivesse chances profissionais. Eu abri mão de pouca coisa, se considerarmos a nossa diferença de idade (25 anos!). Eu sou nova. E tenho mais experiência profissional que quase qualquer alemão da mesma idade que tenha decidido fazer faculdade/mestrado (Quantidade, às vezes, não é qualidade. Eu sei). Apesar de ser estrangeira, o que também vejo como ponto forte.

Ou seja, falta de opção.

E também tinha o fato de que eu sempre me senti deslocada na minha família. Sempre odiei a cidade aonde meus pais moram. Passei a minha infância sonhando em voltar para o Paraná, onde nasci, porque pensava que de lá nunca deveríamos ter saído. Aí eu cresci, entrei pra faculdade e dizia que, depois da faculdade, nada nem ninguém me seguraria na Bahia. Conheci marido antes mesmo de me formar. Ele também não queria ficar muito mais tempo por lá, mas o último lugar para onde ele gostaria de voltar era a Alemanha, pois ele acreditava que era retrocesso.

Pra mim, então, foi fuga.

Coragem, para mim, é outra coisa. Talvez, ter conseguido transformar Berlin no meu lar. Talvez, ter assumido os desafios que a vida no exterior nos traz. Ainda assim, não me convence. Está mais para foco, motivo, determinação... Sei lá.

Coragem mesmo, pra mim, é enfrentar. Enfrentar o que quer que seja. Enfrentar, simplesmente. É um pai que pula na frente de um animal selvagem para salvar seu filho. É uma pessoa que pula na frente de um carro para salvar um desconhecido de um atropelamento. Ou outra que impede um assalto.

Coragem, pra mim, é um ato impensado. É um impulso. É um instinto. É algo que você precisa fazer naquele exato momento dada as cirscunstâncias. É um ato heróico (ou proporcional a).

Não estou desmerecendo com isso tudo o que já me disseram, os elogios que já recebi (e que me orgulho) e também pessoas que decidiram sair de sua zona de conforto e recomeçar.

Eu só queria dizer que, no meu caso especificamente, minha zona já não era de conforto, e que, mesmo que vocês tenham essa visão de mim, não é essa a visão que eu tenho.

Mas se, no conceito de vocês, isso ainda for coragem, quem sou eu para questionar, né? Então, sou a mulher-coragem! ;)

Sabem do que lembrei? Coragem, o cão covarde. Ele representa, exatamente, o que quis dizer: é o bicho mais covarde que eu já vi na vida, mas na hora de salvar sua dona, é o mais corajoso porque faz sem pensar. ;)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Checklist da integração

Aqui vai uma listinha de coisas que você precisaria saber sobre a Alemanha para dizer que está no processo de integração ou já integrado:
1(  ) Sabe o que é currywirst? - 1 ponto
2(  ) Já comeu currywurst? - 2 pontos
3(  ) Adora currywurst? - 10 pontos
4(  ) Sabe o que é döner? - 1 ponto
5(  ) Já comeu döner? - 2 pontos
6(  ) Adora döner? - 10 pontos
7(  ) Gosta de cerveja alemã? - 1 ponto
8(  ) Já tomou cerveja na caneca de meio litro (toda)? - 5 pontos
9(  ) Sabe diferenciar os pães alemães (preto, de semente, pãozinho...)? - 2 pontos
10(  ) Reclama do trânsito/tempo/economia/política/qualquer coisa? - 2 pontos
11(  ) Diz "Scheisse" para cada tropeço? - 2 pontos
12(  ) Já deu vontade de chamar alguém de "Arschloch"? - 2 pontos
13(  ) Já chamou alguém de "Arschloch"? - 10 pontos
14(  ) Sabe o que foi a DDR?- 1 pontos
15(  ) Já foi vítima de um velhinho zangado? - 2 pontos
16(  ) Já se pegou dizendo "só podia ser turco"? - 0 ponto (ahá, te peguei!)
17(  ) Já parou de olhar para os lados antes de atravessar a rua quando o seu sinal está verde? - 2 pontos
18(  ) Já ficou com raiva por ter perdido o bonde/metrô/trem/ônibus por causa de dois minutos? - 1 ponto
19(  ) Mesmo sabendo que o próximo bonde/metrô/trem/ônibus passará em menos de cinco minutos? - 2 pontos
20(  ) Foi tratado com mau-humor? - 2 pontos
21(  ) Pagou com a mesma moeda? - 5 pontos
22(  ) Já ficou de mau-humor por entrar no ambiente aonde tem crianças? - 1 ponto
23(  ) Ao invés de filhos, tem um cachorro? - 2 pontos
24(  ) Nos momentos de stress, programa viagens para relaxar? - 1 ponto
25(  ) Por fim, já tem uma agenda 2011 com os compromissos dos próximos seis meses? - 20 pontos.

E aí? O que vocês marcaram? Quantos pontos fizeram?

Atenção: Essa bobajada aí foi criação minha, não tem nenhum valor científico.

Para os curiosos, eu não asssinalo os nrs.13, 15, 17, 18, 19, 21, 22, 24 e 25. Sim, eu já usei muito o 16 (apesar de saber que vou pro inferno por causa disso).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E por falar em ligações...

- Você é a pessoa mais forte de todos na família. Estou esperando você chegar para eu me aproveitar um pouco dessa força e fazer as coisas que eu tenho que fazer.

Da série: quando os filhos passam a ser referências para os seus pais.

Autora da frase: minha mãe.

Responsabilidade: muita.

Tô indo lá em janeiro, né? A gente está no mundo é pra isso mesmo.

Três posts seguidos com o tema família. O nome disso é saudade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Eu nunca disse que sou uma pessoa boa

Eu nunca disse. Essas coisas eu deixo para vocês deduzirem. Hehehehe

Daí que um dos assuntos que tenho pra falar com a minha mãe ao telefone é fofoca de família, né? Eu nem gosto de ouvir, porque significa que se ela fala dos outros pra mim, fala de mim para os outros. E nem precisam duvidar, minha mãe tinha um salão, tá? Já senti na pele isso. Mas, não importa. O que importa nesse momento é a fofoca. Uhuuu!

Ela sempre gosta de contar os elogios que ELA recebe pela filha que tem e me conta. Na última conversa foi assim:
- Sua madrinha disse que eu tenho sorte de ter uma filha corajosa como você, que se mudou para a Alemanha, que está fazendo a vida sozinha. (oh, tadinha, deixo ela se iludir, né?)
- É? (achando o comentário normal)
- É. E ela ainda comparou com os filhos do seu tio "Fulano" (irmão da madrinha e do meu pai) que já se formaram mais ainda vivem às custas dele. A filha gastou 7 mil no cartão dele pra pagar formatura, isso e aquilo e ele nem sabia do valor.
- É mesmo? (começando a sentir um júbilo indescritível)
- É. E você não sabe que seu primo que mora em (deixa quieto os detalhes) precisa receber dinheiro todo mês, porque o salário dele é insuficiente pra vida que ele leva? (pra vida que ele "acha" que leva, né?)
- É mesmo? (eu custo a acreditar nas coisas)
- É mesmo. (e minha mãe adora uma fofoca)
- Engraçado, que esse meu tio compra carro novo todo ano, fala dos filhos como se eles fossem os mais sortudos, inteligentes e bem sucedidos da vida. E pior, me trata com um desprezo que eu nem ligo.
- É mesmo, né? (já perceberam que é a frase preferida da familia?)

Não é que eu goste de ver pessoas na merda ou tendo fracassos. Eu gosto é de ver gente de nariz em pé levando tropeção da vida, para a máscara poder cair. Porque, esse tio (e os filhos não ficam atrás) é um despeitado. Ele me trata com tanto desdém que, olha, vida aí mostrando como são as coisas, viu?
Hihihi
Vocês que são pessoas abençoadas, vão me perdoar por esse desvio de caráter. ;)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O que me dar de Natal

Estou me segurando para não ligar pra família e avisar que eu quero um presente de Natal especial do pessoal. Se eu ganhar de cada pessoa, pelo menos, dois, já terei um estoque para um tempão.

Só que, né?, eu ainda acho que tenho noção. Ou sei lá, deveria era perder de vez. Afinal, foi de lá que veio a idéia de que eu comprasse 24 garrafas de bebidas alcólicas no freeshop (estou indo ao Brasil em janeiro, sozinha) e isso só porque já é a quantidade máxima. Deu vontade de perguntar se a mãe ainda vai bem. -q

E a essa altura, vocês devem estar se perguntando que presente é esse. Eu digo. Aliás, eu mostro. Porque, por mais que eu diga que já me sinto, de certa forma, adaptada a essa terrinha, tem coisas, meu povo, que não dá. Não dá mesmo (como ficar pelado no parque...).

Porque, de jeito nenhum, eu consigo me enxergar vestindo uma coisa assim.

Simplesmente, não dá. E o pior é que aqui é 8 ou 80. Ou é calçolão ou é fio dental. E, ó, nêgo não me faz usar coisa incômoda, não, faz favor.

O que tem me salvo aqui são as tanguinhas. Essas são até fofas, às vezes. E, errr..., marido gosta. Mas, nem sempre dá pra vestir, ou me sinto bem com elas o tempo inteiro. Eu quero as cavadas do Brasil... e queria de presente. Claro! Já pensou a fortuna que irei gastar renovando estoque? Quero nem pensar.

Mas, e aí, já pensou? "Tio, me dá uma calcinha?"

P.S. Moçoilas da Alemanha, quem souber de opções que não se encaixem no perfil fio dental, porque, além das tanguinhas, é a única excessão que tenho encontrado, favor deixar nos comentários.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

FAQ - 17. Você fala alemão?

Não.

Eu me comunico em alemão. É diferente.

Eu tenho o certificado do nível B2. E esse nível não é sinônimo de fluência, mas de comunicação. Eu cometo muitos erros quando falo e escrevo. Eu ainda tenho dificuldades em entender sotaques e dialetos. Ainda gaguejo muito pra procurar a palavra certa. A construção das frases sai, muitas vezes, errada.

Mas...

Já é um começo. As pessoas me entendem. E para eu chegar à fluência, preciso falar.

Eu leio revistas, artigos, livros etc. mas não tenho uma compreensão 100% de tudo que eu leio, pois eu não conheço todas as palavras alemãs. Nem as da minha língua materna, né? Tudo faz parte do exercício diário de aprender alemão. Tem quem diga que é um aprendizado eterno.

Quando eu digo que converso com as pessoas em alemão, é uma tentativa de entender e ser entendida. E, muitas vezes, os diálogos que reproduzo aqui refletem o que entendi de uma conversa. Não estão ao pé da letra. Até porque, existem palavras que nem existem em português. Quer fazer um teste? Vai no dicionário e procura o significado em português das palavras Sehnsuchte, Fernweh e Heimweh. Vai ser tudo saudade. O primeiro é mesmo saudade, o segundo é um tipo de nostalgia, mas alemão diz que não é a melhor tradução. E o último é saudade do lar/país de origem. Mesmo que você ache uma tradução que satisfaça, não é com UMA palavra em português que se explica a tradução.

Eu sempre deixei claro aqui as minhas dificuldades com a língua, as minhas frustrações. Estive travada até dias atrás, depois de tantos meses de curso. Agora é que o negócio começa a evoluir, que eu começo a sair da conversa de elevador.

Para vocês terem uma ideia, eu nunca liguei para ninguém que tivesse que falar exclusivamente alemão. Eu nem atendia telefone. Fiz isso a primeira vez, duas semanas atrás, porque precisava ligar pra ONG pra dizer que não poderia ir. Mais um ponto pro trabalho voluntário que estou fazendo, né? Alguma coisa estou aprendendo...

Mas, não se desespere. Todo mundo tem seu tempo. Tem gente que destrava mais cedo, tem quem destrave mais tarde. Tem gente que aprende alemão em meses, tem quem aprenda em anos... Tem quem já fale 3, 4, 5 línguas, o que facilita o processo de aprendizagem de uma nova. Cada pessoa reage de um jeito. Mas, todo mundo passa pelos mesmos desafios.

É só seguir em frente.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Só pra não passar batido

(post editado)
100 seguidores!*
Obrigada por gostarem dos meus textos, que são o reflexo da minha vida por aqui.
Obrigada por me visitarem.
Obrigada por me mandarem emails fofos de incentivo, cumplicidade e bons desejos.
Obrigada por me mostrarem que está valendo a pena.
Obrigada por participarem da minha vida e fazerem dela ainda mais colorida.
Obrigada, simplesmente.


Beijos, bom domingo!

Ah! As postagens irão continuar (só não sei se diariamente), mas pode ser que os comentários nos blogs amigos fiquem escassos. Meus dois enteados chegam hoje do Brasil. Ou seja, vocês vão precisar me dividir com eles. ;)

* A Lu me lembrou nos comentários que, além dos seguidores, tenho os leitores de feed e dos links. E também não posso esquecer dos que, simplesmente, digitam o endereço e acessam o blog. Desculpa aí, foi um lápis. Obrigada vocês também!!!!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Do fundo do baú

Como comentei ontem da primeira vez que tive na Alemanha, em 2008, lembrei de um micão que eu paguei quando voltei ao Brasil.

Na época, fazia pós-graduação e tinha aulas também aos sábados, das 08h às 17h. Depois das aulas, quase sempre, um grupo saia para um bar perto da faculdade para beber e conversar. Eu ia com certa frequência, porque o bar era perto da casa aonde eu morava e era divertido. Eu não sou de ferro, né? rs

Claro que a minha viagem foi um dos temas de um desses encontros e como estávamos num bar, a pergunta que veio foi se as cervejas alemãs eram boas mesmo. Agora imaginem a cena:

Nesse dia, só estavam à mesa duas mulheres, outra colega e eu. Eram uns cinco ou seis homens. E o colega mais palhaço da turma (tem sempre que ser esse, né?) que me fez a pergunta. E lá vai eu responder:

- Sim, as cervejas alemãs são muito gostosas. Mas, gostosas mesmo são as tchecas!

Pra quê, né mesmo, minha gente?

Todos os homens em coro:
- Com certeza, as tchecas são as mais gostosas!!!

E não pararam de rir mais...

Para quem não entendeu o tamanho do mico, explico: no Nordeste/Bahia, tcheca é um dos apelidos do órgão sexual feminino... Aliás, ô lugarzinho pra receber apelido, viu?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A chegada do Rafa em capítulos

Prólogo
Jane e Rafa são brasileiros. Casaram-se no Brasil em 05 de junho deste ano. Ela mora em Berlin há 4 anos e Rafa sempre morou no Brasil, no Rio de Janeiro. Eles se conhecem desde a infância. Foi numa visita de "amigo", dois anos atrás, que o Rafa se declarou para sua "amiga". Cada um continuou no seu canto, mantendo a relação à distância. Do namoro para o noivado não demorou tanto. Afinal, quem ama não precisa esperar. Aí veio o casamento, só que a distância continuava entre os dois. Prazo para terminar? 08 de dezembro, quarta-feira. O voo dele veio por Paris. Teve nevasca lá, o aeroporto foi fechado e o voo para Berlin cancelado na quarta. Ele chegaria às 14h, se não estou enganada. Ele tentou outros voos, outras conexões e nada. Na quarta e na quinta, nevasca em Berlin, agora eram os aeroportos daqui que estavam fechados. Angústia, tristeza, ansiedade. Quando ele chegaria?

Capítulo 01 - O Torpedo
Às 20h de ontem, mandei um torpedo para Jane: "E ai? O marido chegou?". Ela não respondeu. Ligou para mim. Queria saber se marido poderia ir com ela buscar o Rafa que estava com chegada prevista para às 21h30. No meio da conversa, ela olha no site da companhia e vê mais um atraso, dessa vez, 00h15. Nossa ajuda não seria possível nesse horário, seria de taxi.

Capítulo 02 - O engano
20 minutos depois, Jane liga avisando que tinha visto errado. O voo não chegaria mais às 00h15, mas sim, com 15 minutos de atraso. Ela veio até nossa casa e esperou até o horário de saírmos. Ela era só nervos e ansiedade.

Capítulo 03 - Chegada ao aeroporto.
Chegamos às 21h50 e o voo estava um pouco mais atrasado, chegada prevista para 22h33. Como já estávamos lá, esperamos. Procuramos um café aberto, só que Tegel é pequeno e alemão não trabalha até tarde. Até que encontramos um quiosque e compramos 3 capuccini (olha o plural do italiano, hein? tá certo?). Fomos até o portão de saída previsto para o voo do Rafa e ficamos aguardando sua chegada.

Capítulo 04 - O 33
Em determinado momento da espera, marido vira pra Jane e diz:
- Não espere muita coisa dele hoje, ele ficou quase dois dias preso num aeroporto. Vai chegar quebrado.
E eu perguntei a Jane:
- Quantos anos o Rafa tem?
- 33.
Eu perco o marido, mas não perco a piada:
- Viu, marido? Ele tem 33 e não 54...
(Risadas)

Capítulo 05 - Chegada
O avião chega e Jane corre para o vidro que separa o desembarque e fica aguardando o Rafa aparecer. Quando ela cruzou olhar com ele, pulou como pulam cachorrinhos quando veem os donos. Muito pulinhos depois, eles podem trocar as primeiras palavras pelo vidro.

Jane dirige-se para um canto, aonde outra mulher estava. Jane fala para o Rafa: "Oi". A mulher ao lado dela fala para a pessoa que ela esperava: "Oi!". As duas se olham, se sentem cúmplices e dizem uma pra outra: "Oi, tudo bem?". Duas brasileiras. Mundo pequeno. E menor ainda se eu disser que a pessoa que a brasileira esperava era a sua mãe. A mesma mulher que fez amizade com o Rafa no aeroporto em Paris enquanto esperavam pelo seu destino.

Capítulo 06 - Fluminense
Em algum momento, entre pegar o carrinho para as malas, esperar a mala aparecer na esteira e, finalmente, sair, o Rafa sumiu alguns segundos. Reaparece com a faixa de campeão brasileiro do Fluminense, time dos dois, no peito e pulando parecendo uma criança que acabou de... hummm..., que acabou de ver o seu time do coração ganhar.

Eu olho pra marido, vendo a empolgação do Rafa:
- Viu? 33.

Capítulo 07 - A mala
Marido tinha dito para a Jane que ele seria o último a sair. Ela queria acreditar que seria o primeiro. Ela viu que o Rafa já estava com a sua mala e ficou aguardando que ele saísse. Ele não saia. Os passinhos que ela dava de um lado para o outro, que antes eram de alegria, ficaram impacientes. "Cadê o danado do meu marido?"

A profecia de marido se concretizou. Ele foi exatamente o último a sair. Porque tinha a última esperança de que sua outra mala, extraviada ainda em Paris, estivesse no avião. Claro, não estava.

Era a mala de roupas. Mas, dissemos a ele que não se preocupasse. Nos próximos dias, ele não precisará de roupas, só de uma cama gostosa, um cobertor quentinho e a mulher ao lado.

Capítulo 08 - O beijo de aeroporto
Enfim, ele saiu, ela pulou no colo dele, ele jogou o carrinho de malas para o lado e...
Rolou o último beijo de aeroporto. Porque, daqui pra frente, não terão mais despedidas. Não terão mais reencontros em aeroporto. Só viajarão juntos!

Capítulo 09 - O caminho para casa
Entramos no carro e dirigimos em direção à casa dos dois, na pracinha. Ele era só euforia, ela, só felicidade. Marido fez outro trajeto e mostrou para ele as luzes de Natal no Brandenburger Tor e ele parecia criança deslumbrada com a neve e as luzes. Todos nós estávamos. Sabíamos que tinha um gostinho especial.

Rafa fechou a noite dizendo que se sentia chegando em casa, em Berlin. E estava. Enfim, ele pode dizer "lar doce lar" e Jane, agora, não está mais sozinha.

Não terá último capítulo, a história deles continua. Como a minha, a sua e a nossa.

Quem é a Jane e o Rafa? A história deles aqui. E façam o favor de não incomodarem os pombinhos nos próximos dias, tá? Eles tem "muita coisa" pra fazer.
Roubada sem permissão do blog dela. Paciência. Foi ela que pediu que eu contasse. Uma "jornalista" precisa de fotos para concretizar fatos.

Homens e mulheres por aqui

Neste post aqui, a Rosa deixou um comentário perguntando sobre os direitos das mulheres na Alemanha e me deu ideia para um post. Como também já disse, não sou nenhuma expert no assunto, mas vou tentar passar aqui algumas impressões minhas, bem pessoais até.

Na primeira vez que eu estive na Alemanha, em maio de 2008, depois de algumas semanas eu tive uma crise homossexual. Juro pra vocês! Perguntem a marido. Mas, eu explico, tenham calma!

Como tudo era novo para mim, meus olhos estavam acostumados a ver só o que era diferente. E uma das coisas que eu mais via de diferente aqui eram as mulheres. Eu achei super esquisito andar nas ruas e ver mulheres andando de pernas abertas, sem o gingado brasileiro, masculinizadas. Sim, aqui tem muitas. E por causa disso, entrei em choque. Um belo dia, gritei no meio da rua:

- Ahhhhhh, eu não aguento mais! Eu quero ver mulher gostosa! (Taí, meu rompante homossexual)

Eu estava me sentindo perdida, sem nenhum referencial. Porque parecia que eu não me encaixava no estereótipo feminino alemão. (Ui! Eu me chamei de gostosa!)

Hoje, em dia, consigo enxergar as mulheres bonitas, que andam de salto, que são sensuais. Mas elas, acreditem, são minoria. (Aqui em Berlin, aqui em Berlin!)

E eu aprendi também que isso não é ruim. Uma vez que a imagem da mulher aqui não é erotizada. Por isso que elas se sentem à vontade em fazer topless nos parques no verão, por isso que vão numa festa e os homens não passam a mão. Por isso que eu nunca recebi nenhum olhar ou cantada de pedreiro aqui (exceto de estrangeiros, mas isso é tema pra outro post). Porque o homem alemão respeita o espaço da mulher, reconhece-a como um indivíduo (com vida própria). Também, porque as mulheres são independentes, emocional e financeiramente. E elas podem ser bem brabas quando precisam. ;)

Eu tenho uma teoria, já apresentei para algumas mulheres alemãs e elas concordaram 100%. As mulheres brasileiras andam desfilando/rebolando/gingando. Elas passam um recado para os homens: "Olhem! Eu sou bonita! Eu sou pra ser vista." As mulheres alemãs andam "normais", algumas até exageradamente como homens. Elas passam o seguinte recado: "Olhem! Eu não preciso de vocês!".

E, aqui, a gente entra em outro patamar de discussão: por isso também que o número de mulheres solteiras com mais de 35 anos é tão grande na Alemanha. As minhas amigas alemãs todas são, por exemplo. Simplesmente, porque tem homem que ainda não sabe lidar bem com a independência feminina, apesar do país concordar que ela existe (e sem cantadas, sem iniciativas). No fundo, a relação homem e mulher ainda é muito instintiva (em todo lugar do mundo, talvez), e deveria predominar o "macho". Apesar disso, a gente ainda pode ouvir muito homem alemão falando: "nossa, como esse - insira aqui uma nacionalidade machista - pode tratar a mulher assim?" Acreditem, é um dos temas na discussão sobre a integração de estrangeiros.

A Honey também deixou um comentário interessante sobre o padrão de beleza no mesmo post. As mulheres não são socialmente forçadas a serem como capas de revistas photoshopadas! Até porque, elas sabem que é de mentira. Existe a vaidade, existe a preocupação com a saúde do corpo, mas não existe exagero. Tá, tem as superficiais, tem uma mulher aqui que "Deus me livre e guarde", e acho que isso também tem a ver com classe social, assim como no Brasil. Por exemplo, o fenômeno das mulheres frutas é restrito a um público, né? (funkeiros, pagodeiros, admiradores de escola de samba.) Não me batam, eu generalizei..

Mas, se você, Rosa, me perguntar se mulher ganha o mesmo salário que o homem, se existe o mesmo número de mulheres na liderança de empresas, como tem de homens etc. etc. Aí, eu te digo que a Alemanha ainda precisa caminhar mais um pouco em relação a mercado de trabalho. Em compensação, a licença maternidade, conhecida aqui como "tempo dos pais", pode chegar até a 3 anos em alguns casos. E não é licença só para a mãe, o pai também pode usufruir. Além de haver incentivo do governo para que o pai fique em casa, enquanto a mãe trabalha. Entre outras coisas.

Deu pra responder? O texto ficou enorme, desculpem-me.

P.S. Acho que, independente de qualquer lei, o mais importante é a postura da sociedade. Pois, é dela que saem as leis. Estou errada?

P.S.2: Só pra esclarecer: quando eu disse que homem alemão não olha, eu quis dizer que não dá aquela olhada de seca pimenteira, conhecida como "olhada de pedreiro". Quando um homem vê uma mulher bonita, ele olha. Mas, olha simplesmente. E você quase nunca percebe qual a intenção do olhar dele, nem para onde está olhando.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Boletim médico da Sereia

Tô me achando, né? ;)

Seguinte, 19 nunca foi 20:
Imobilizei a mão por 3 semanas. Mas, eu não parei de escrever. Eu não fiquei quieta... e ainda arrumei trabalho de digitação na ONG. (O_o) Minha mãe não precisa saber disso...
Então que não resolveu. Reduziu, mas não curou. Tenho que voltar à médica e pedir injenções locais de cortisona. Eu não sei se eu choro ou se fico aliviada, pois a médica disse (tive que trocar de médico, lembram?) que bastavam duas. Olha, sei não, hein? Oh, dorrrr!

Quanto ao tratamento em busca da cara de bunda de nenê, terminei a primeira caixa e providenciei a seguinte hoje. Dois meses com ela. Na hora de ir ao médico é que um alemão fluente faz falta. Vocês acreditam que eles me deram uma receita sem nenhum acompanhamento? Eu que tive que pedir pra falar com o médico e ele só faltou dizer: "Oxe! Você já não tem a receita? Tá fazendo o que aqui?" Como se eu não estivesse fazendo um tratamento que precisa de acompanhamento, né? Dá vontade de dizer umas coisas que eu só conseguiria em português. Vida que segue...
A pele está mais clara, as manchas estão sumindo, mas a acne continua surgindo. Ui! Rimou!
Boca está ressecada e ... Bom, deixo os detalhes sórdidos para o consultório. A primeira e última vez que falei de pereba aqui, meu post foi parar numa comunidade do Orkut. ;)

Então, é isso.

Eu pensei em escrever o post como aqueles boletins chiques que os RPs dos hospitais de famosos dão, mas me faltou vocabulário pra isso. Fiquei com o popularesco mesmo. Tá bom assim também, né? Brigada...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mudei!

Só mudei a imagem do header e as cores dos links.

Quequicêsacharam?

Digam aí!

Mudança, geralmente, é fruto de uma mente ociosa... A minha, por exemplo. (Editado pra não levar outro puxão de orelha como o da Deby. hahahhaha)

Você conhece os 5 estágios?

Eu lembrei de um vídeo que vi há muito tempo atrás e que me fez dar muuuuita risada. Eu me vi na mesma situação várias vezes, quer dizer, passando pelos 5 estágios, né?

Vamos lá ao vídeo!


Gostaram? Esse foi só pra relaxar. ;)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Das coisas que andei reavaliando e aprendendo

- Tem muita gente simpática e boa no meu mundo.
- Você pode ser simpático, sem ser extravagante.
- Você pode tratar as pessoas de forma educada e cordial sem nenhum interesse por trás.
- Você pode ter suas crenças e valores sem interferir nas dos outros.
- Quando se respeita, se é respeitado.
- Existem muitas formas de você fazer a diferença em um ambiente.
- O que para mim é besteira, para o outro é um "negoção".
- Coisas simples podem facilitar a vida.
- Eu tenho muitas qualidades, uma delas é fazer você sorrir. Sorria.
- O sistema pode ser muito injusto. Mas, as pessoas podem consertar essas injustiças.
- Existem as pessoas que ficam em casa esperando a banda passar. Existem os que compõem a banda. Existem os compositores. Qual deles você é?
- Nunca julgar alguém por se encaixar na categoria "estrangeiro", "desempregado", "pobre". Você não sabe em que mundo ele vive. Cada pessoa é um.

E bora lá para mais um dia fora da minha bolha.

Bichinhos de Jardim

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Germania

Vocês lembram que em alguns posts eu já destaquei que acho o país feminino? É o artigo de mundo (Die Welt), é a forma como os homens cruzam as pernas (rsrsrs) e tantos outros fatores que me fazem pensar sempre no feminino por aqui.

Uma vez, muitos meses atrás, estivemos no Museu Histórico aqui em Berlin, onde pudemos acompanhar a história da Alemanha desde o tempo dos celtas até os dias atuais. Algumas imagens, dentre tantas que eu vi, me chamaram a atenção. E de lá pra cá sempre fiquei pensando nessa coisa do feminino por aqui. Eu não sou nenhuma expert nesse assunto (Jux?) e posso estar falando um monte de besteiras. Perdoem essa pobre cristã.

Anyway.

As benditas imagens a que me refiro são de Germania. Pausa: Germania era o antigo nome da região que hoje é a Alemanha, por isso, em inglês é Germany. (Dãããã. Alguém poderia não saber, tá? Foi mal.) Fim da pausa. E todas elas são mulheres. Todas. Em algum momento, quando o país/região começou a ser retratado por uma "personificação", foi retratado como mulher. Como vocês podem ver aqui nesse link (em alemão). Grande coisa, vocês irão pensar. Mas, imaginem aí, a "personificação" de Berlin é um urso... A da Alemanha poderia ser um bicho, um deus mitológico (Thor?), mas, não, é uma mulher.

Elas aparecem representando o povo, o nacionalismo alemão (termo usado com muito cuidado aqui para não ser mal interpretado) e pode aparecer como uma guerreira (principalmente por trajar os símbolos/armas do país).

Tá, eu sei que Germania é um nome feminino. Mas, insisto, eles bem poderiam ser machistas o suficiente para não aceitar isso, né? E a Alemanha também já teve um monte de nome, de reino, de povo... Olha aí os saxões, os anglos, os alemanes... Sei lá, estou viajando na maionese.

As imagens que me fizeram "viajar":
Germania auf der Wacht am Rhein - Lorenz Clasen (1860)
Die Germania - Philip Veit (1848)
Germania - F. A. von Kaulbach (1914) (1a. guerra, né?)
Então, Alemnha é A Alemanha mesmo. ;)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Quando uma música é suficiente

Na quinta, dia 02, fui com a amiga espanhola, visitar o coral de meu cunhado em Potsdam. Em uma das vezes que estive lá, eu os vi ensaiando uma música alemã do tempo da DDR (quando a Alemanha era dividida em leste e oeste) e me encantou. Lembro que depois desse dia, cheguei em casa, procurei a música na Internet, o texto e fiz a tradução.

Contei isso pra ele, claro. E aí, ele faz o coral cantar pra mim a música que já nem estava mais no repertório deles como presente de aniversário. Eu quase chorei. Mas, me segurei pra não passar vergonha. Eu não sei explicar como ou porquê essa música toca em mim. Aliás, eu sei. É só vocês ouvirem a música e lerem a letra traduzida que irão entender.


Über sieben Brücken musst du gehn (Peter Maffay)

Manchmal geh ich meine Straße ohne Blick (Às vezes, caminho sem visão)
Manchmal wünsch ich mir mein Schaukelpferd zurück (Às vezes, desejo meu balanço de volta)
Manchmal bin ich ohne Rast und Ruh (Às vezes, estou sem descanso e sossego)
Manchmal schließ ich alle Türen nach mir zu (Às vezes, fecho portas atrás de mim)
Manchmal ist mir kalt und manchmal heiß (Às vezes, sinto frio, às vezes, calor)
Manchmal weiß ich nicht mehr, was ich weiß (Às vezes, não sei mais o que sei)
Manchmal bin ich schon am Morgen müd (Às vezes, já estou cansado pela manhã)
Und dann such ich Trost in einem Lied (E então, procuro consolo numa canção)

Über sieben Brücken mußt Du gehen (Sobre sete pontes você deve passar)
Sieben dunkle Jahre überstehen (A sete escuros anos resistir)
Sieben mal wirst Du die Asche sein (Sete vezes você se tornará cinzas)
Aber einmal auch der helle Schein (Mas, uma vez também, a luz brilhará)

Manchmal scheint die Uhr des Lebens stillzustehen (Às vezes, parece que o relógio da vida para)
Manchmal scheint man immer nur im Kreis zu gehen (Às vezes, parece que se anda sempre em círculos)
Manchmal ist man wie von Fernweh krank (Às vezes, é como estar doente de saudade)
Manchmal sitzt man still auf einer Bank (Às vezes, senta-se quieto em um banco)
Manchmal greift man nach der ganzen Welt (Às vezes, agarra-se o mundo inteiro)
Manchmal meint man, daß der Glücksstern fällt (Às vezes, pensa-se que a estrela cadente caiu)
Manchmal nimmt man, wo man lieber gibt (Às vezes, toma-se onde seria melhor dar)
Manchmal hasst man das, was man doch liebt (Às vezes, odeia-se o que se deveria amar)

Über sieben Brücken mußt Du gehen (Sobre sete pontes você deve passar)
Sieben dunkle Jahre überstehen (A sete escuros anos resistir)
Sieben mal wirst Du die Asche sein (Sete vezes você se tornará cinzas)
Aber einmal auch der helle Schein (Mas, uma vez também, a luz brilhará)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Te conheço?

Eu estou dizendo que nessa cidade só tem gente fina e legal e o povo não acredita! Hahahaha

Vou contar o que aconteceu. Estou eu no trem (S-Bahn) com uma colega conversando no alemão que a gente sabe, né? Do jeito que a gente se entende. Apesar da colega ser espanhola, nós ficamos no alemão mesmo, porque a moça fala o espanhol mais rápido que eu já vi na vida, e meu espanhol portunhol não acompanha. Esse povo não respira, não? Fora que ela é linda, mas eu não quero ferir meu ego, então, deixamos essa parte pra lá.

Aí, do nada, me aparece um cara que parecia ser alemão, olha pra minha colega e pergunta:
- Spanisch?
Ela se assuta e diz que sim.
- Dónde és?
- Espanha.
- Como se llamas?
- Ane.* (nome trocado pra proteger a identidade da testemunha)
- E tu?
- Eve.

Sorriu pra gente e seguiu caminho até encontrar outra moça no meio do trem e fazer as mesmas perguntas e acertar mais uma vez. A gente riu da situação, né? Acho que ele soltou a pergunta no ar, só porque não somos loiras de olhos azuis e deu sorte de acertar.

Na hora de ir embora, ele passou novamente por nós e gritou:
- Hasta luego!

A verdade é que ele fez a primeira aula de espanhol e queria saber se tinha aprendido a lição. Além de ter esquecido de tomar o remedinho.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

FAQ - 16. Porque eu gosto de Berlin?

Berlin é uma cidade de 3,5 milhões de habitantes. Esse número pode assustar quem cresceu numa cidade de 20 mil, morou em uma média e sai de repente pra cá. Já falei disso aqui.

Mas, ao contrário do que parece, Berlin não é uma verdadeira metrópole. Como cidade-estado (pensem no DF), seus bairros são pequenos distritos, cada um com sua prefeitura e administração descentralizada. Cada um tem seu comércio, seu centro. Não há caos de cidade grande.

Como a cidade não é rica como Hamburg ou München, as pessoas são mais simples e despreocupadas. Você pode sair de pijama e ninguém irá notar. Ok, irão notar. Mas, não irão perder tempo olhando com criticidade.

A cidade é bonita. Tem beleza para todos os gostos. Tem natureza, cultura, arte, história... Você está andando por uma rua e descobre um monumento. Está no metrô e entra um músico que te faz sorrir.

Por ter muitos estrangeiros, existe tolerância (tolerância é diferente de aceitação, hein!). Se eu falo alemão errado, não vão me olhar de cara feia. Vão rir, às vezes me corrigir e, principalmente, vão entender.

Eu adoro descobrir coisas em Berlin. Espero continuar nesse ritmo por muito tempo ainda.
Neve? Que neve? Vou fingir que nem vi!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esqueci de contar

Ganhei alguns presentes de marido no meu aniversário. Claro, ele que não me desse. Hunf! Não sou baixinha, mas sou braba. Ok, perto dele, eu sou baixinha...

Dentre os presentes, ganhei um fofo par de hausschuhe. Sim. Parecidos com esses aqui da foto:

http://www.sheepskin24.de/images/real/5/lammfell_hausschuhe_damen.jpg 
Mas, mais bonitinho, com estampas. Esses sapatos são usados dentro de casa, para esquentar os pés no inverno que já chegou de arrebentar o boca do balão pelas bandas de cá.
Daí que marido é romântico ao jeito dele, né? Não vou reclamar.

Ele vira e diz:
- Esse presente eu comprei mais pra mim do que pra você.
- Por quê?
- Porque assim você esquenta os seus pés e não encosta seu pé gelado em mim na hora de deitar.

Não disse? Um fofo, né?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dois pesos, duas medidas

Essa aqui, só quem vai entender é quem é ou já foi expatriada(o).

Antes de conhecer a vice-presidente da Ong, perguntei ao outro colega voluntário, turco, se ele já a conhecia. Ele disse que sim. Perguntei se ela também era turca.

Aí vem a resposta mais interessante que eu já ouvi de alguém que mora na Alemanha há 40 anos e é alvo de críticas e preconceito (por conta de sua nacionalidade) já que não é alemão alemão (mas com filhos que já nasceram recebendo o passaporte alemão):

- Ela é turca. Mas, não é turca turca, sabe?
- Oi?
- É. Por exemplo, eu sou turco puro. Ela é misturada. Na árvore genealógica (Stammbaum) dela tem turco, curdo, e outros grupos que moram na Turquia.
- E isso é ruim? (Eu perguntei pra provocar, claro)
- Claro.
- Oi?
- É porque eles têm culturas muito diferentes.
- Mas, um país com muitas culturas é um país muito rico, igual ao Brasil.
- Ah, mas o problema é que esses grupos (étnicos) querem manter sua cultura e se isolam.
- Ahhhh, tá!

Tipo, oi? Não preciso explicar, né?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A influência dos desenhos na minha vida

- Olha, Amor!! Igual à comida do Tico e Teco!!!
Fonte: Daqui
- Quem?
- Tico e Teco.
- Nunca ouvi falar.
- Esquece!



- Ai, Amor, eu quero um quebra-nozes. Sempre quis ter um quebra-nozes.
- É? Por quê?
- Porque eu via nos desenhos.

Fonte: Daqui

Nem parece que acabei de fazer 29 anos...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Bora mudar o tom desse blog? Bora!

E aí que eu conheci a vice-presidente da ONG que estava de férias na Turquia. Ela é turca mesmo.

Eu tenho uma teoria: toda mulher baixinha é retada/arretada! Elas têm muita energia e sabem se impor, ocupar o seu lugar. Com essa não seria diferente. Uma baixinha e tanto.

Ela estava sentada à mesa e ficou olhando pra mim. Eu comecei a me sentir inibida e não sabia o que dizer. Daqui a pouco ela solta:
- Bora, me fale de você. (Los! Erzahlt mir über dich!)

Pode não parecer, mas eu sou muito travada pra falar de mim. Mas, comecei assim mesmo, com aquele início de conversa que todo mundo sabe: "sou brasileira, moro aqui desde janeiro, meu marido é alemão, blá, blá, blá."

Ela não ficou satisfeita e me encheu de perguntas: filhos? marido faz o que? porque escolheu essa ONG? e tantas outras.

É claro que ela estava no direito de me fazer perguntas. Afinal, ela não me conhecia. Daí que o papo acabou. O meu, pelo menos. Já não tinha mais o que contar. O que ela faz? Começa a falar da vida dela.

Falou de quando chegou aqui com a mãe, que casou, teve dois filhos, já separou e agora está com um namorado. E começou a falar desse namorado. E tome conversa... Tudo isso enquanto ela estava fazendo tricô.

Ela ainda cozinhou pro pessoal, só não pude comer, porque estava esperando marido pra sair pra jantar. Prometo que na próxima eu não faço a desfeita.

Uma mãe, deu pra perceber, né?

P.S.: Alguém pode me dar notícias da Kaline?? Ela sumiu, ou é só impressão minha?

domingo, 28 de novembro de 2010

Enquanto isso, no Brasil...


Fonte das Images: Terra

Desculpa aí acabar com o seu domingo... Mas, não dá pra ignorar.

99% de uma favela é composta de gente comum, gente que trabalha, que tem família, que quer os filhos longe dessa violência. GENTE! Mas, né?, não é só uma questão de sistema. 99% não foram vítimas dele. Morar numa favela, numa comunidade, não deveria ser rótulo para "bandidagem". Eles querem seguir vivendo. Eles querem trabalhar. Só porque eles fazem gato, constroem casas sem alvará? Vai dizer que você, caro leitor, nunca na vida fez algo ilícito (deu propina para o guarda, furou a fila, se beneficiou de um amigo do amigo no serviço público...). A diferença entre você e eles, é que eles são pobres. E pobreza leva a outros níveis de consumo, de vida.

Se não te agrada a visão de uma favela, já tentou ver pelos olhos deles? Você, sentado no seu apartamento, olhando pela janela e vendo barracos, achando uma paisagem feia. Eles, sentados nos seus barracos, olhando pela janela e vendo prédios, sabendo o que nunca poderão ter. Que vida injusta, não?

Infelizmente, numa guerra, civis também morrem. Por causa de 1%...

Para não escrever um manuscrito, digo que concordo com o texto dessa moça aqui e dessa aqui também.

sábado, 27 de novembro de 2010

Um vídeo de 94

Para quem pergunta como é a relação dos alemães com estrangeiros, aqui vai um curta-metragem de 94, filmado em Berlin e ganhador do Oscar de melhor curta daquele ano.

O vídeo vale para algumas coisas:
Para verem como era a Berlin de 94. Já mudou tanto.
Para entenderem um pouco a opinião de algumas pessoas (sim, a opinião da Sra. ainda é atual.)
E para perceberem que, como no vídeo, a Sra., algumas vezes, está sozinha em sua opinião. Ou são os alemães que se calam...

Eu teria reagido igual ao rapaz. Sem tirar, nem por. Conversar, às vezes, não leva a nada... É preciso agir. hehehehe

Preciso abrir um parêntesis: Nem todos os "estrangeiros" entram na categoria de estrangeiros que a Sra fala no filme. São uma parte que não se integra, que não aprende alemão e explora (voluntaria ou invonlutariamente) o sistema social. São esses que são tão criticados. Mas, como quase tudo na vida é generalização, cai tudo no pacote "estrangeiro" e, às vezes, estamos todos no bolo. Para essa discussão, deixo as pessoas que têm mais tempo de Alemanha falarem algo.

Ah, sim! O título do curta (Schwarzfahrer) faz alusão à palavra "negro" em dois sentidos. Um deles é que, assim como no Brasil, a palavra "negro" também é usada para indicar algo ilegal, como mercado negro, na Alemanha é igual, e o título se refere ao transporte clandestino/ilegal (viajar sem ticket, por exemplo). O outro sentido, vocês saberão assistindo ao vídeo.

Segue o vídeo com legendas em inglês:




Para quem interessar:
Na quinta, a escola onde marido ensina, recebeu a visita do rapper Harris para discutir o tema integração, proposto por um professor de alemão. Saiu na Stern, e quem entende alemão pode ler neste link aqui.
A música do rapper (Nur ein Augenblick - "apenas um momento") citada na reportagem discute a participação dos estrangeiros no processo de integração. O cantor é filho de alemã com africano, tem "cabelos pretos, olhos castanhos e pele escura" (como se descreve na música) e questiona o porquê de jovens estrangeiros falarem tão mal da Alemanha, não aprenderem alemão direito e ainda quererem viver aqui.
Na reportagem, ele diz: "Integração significa se interessar" e na música:
"Deutsch sind alle Nazi's? Hmm, von wegen
Wenn alle Deutschen Nazi's sind warum willst du dann hier leben?"
(Alemães são todos nazis? Hmm, que nada
Se todos os alemães são nazis, por que você quer viver aqui, então?)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Da natureza alemã - Parte 02

Abre parêntesis. Eu ainda fico admirada com certos comportamentos dos alemães. Não sei se é por conta de todo mito em volta deles, o "pré-conceito" que temos, aquela imagem fechada que poucos se abrem para enxergar diferente. Cada vez mais, eles me surpreendem. Ou sou eu que me deixo surpreender. Claro, muitas vezes a surpresa é negativa, outras, positiva. Fecha parêntesis.

Participei de um evento junto com a ONG. O evento era destinado a pessoas com problemas com álcool e drogas. Foi realizada numa praça conhecida pela frequência dessas pessoas (assim como as grandes estações de metrô). Muitos são desempregados, jovens que aprenderam a beber por influência dos pais já alcólatras (eu vi isso lá) e outros fatores.

A nossa tarefa era abordar algumas pessoas que se encaixavam no perfil da ONG, falar um pouco dela e entregar o flyer. Eu não falei, eu só entreguei o flyer. Quem conversou foi o colega turco, que abordava as pessoas assim:

"Oi, somos da ONG X que ajuda pessoas com vícios e problemas emocionais e estamos entregando esse flyer para vocês entenderem um pouco do nosso trabalho. EU JÁ FUI ALCÓLATRA e sei como é importante ter esse tipo de apoio."

Não abordamos muitas pessoas, umas 12, no máximo. Dentre eles, três jovens. Um estava, às 12h da tarde, trêbado, mais que bêbado. Não conseguia nem ficar em pé.

É público e notório que pessoas bêbadas perdem o controle de si, tornam-se violentas às vezes, ainda mais quando você oferece ajuda, chamando o cara de alcólatra. Nem todos aceitam bem esse "papo". Muitas vezes, a bebida mostra a verdadeira essência da pessoa. E foi essa essência, nesse jovem alemão, que não deveria ter mais de 20 anos, que me chamou a atenção.

Ele ouviu o que o colega falou, pediu o flyer da minha mão e disse com uma voz tranquila:
- Ich danke euch. Das war super nett und wichtig. Ein schöner Tag und viel Erfolg. (Eu agradeço a vocês. Isso foi muito gentil e importante. Um bom dia e muito sucesso.)

Ele não foi o único a ser abordado que nos tratou com gentileza. Foi só o que me chamou mais atenção por ser tão jovem.

P.S.: ONG aqui se chama Verein (associação/clube).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Da natureza alemã - Parte 01

Abre parêntesis. Eu ainda fico admirada com certos comportamentos dos alemães. Não sei se é por conta de todo mito em volta deles, o "pré-conceito" que temos, aquela imagem fechada que poucos se abrem para enxergar diferente. Cada vez mais, eles me surpreendem. Ou sou eu que me deixo surpreender. Claro, muitas vezes a surpresa é positiva, outras, negativa. Fecha parêntesis.

Estou no médico, de novo, e dessa vez sozinha, sozinha (Ebaaaaa!), esperando ser chamada, quando acontece uma cena peculiar na fila para fazer a marcação.

Algumas pessoas chegaram ao mesmo tempo e formaram uma fila de 5 ou 6 pessoas, maioria mulheres. Nevou ontem em Berlin (NE-VOU ontem em Berlin), e o pessoal estava com aqueles casacos pesados. Ao lado da fila, um cabide para pendurá-los. Digamos que a quinta mulher da fila, antes da última, resolveu tirar os quilos de casacos e colocar no cabide. A mulher que estava atrás, a última, resolveu não esperar e passou à frente da mulher do casaco.

Uma coisa que alemão adora fazer é reclamar (e pode fazer isso muito "bem". Medo, viu?). Principalmente, quando ele acha/sabe que está no direito.

Segue-se o seguinte diálogo:

- A senhora estava atrás de mim. - disse a mulher que tirou o casaco.
- Sim, mas a senhora saiu da fila para tirar o casaco.
- Eu não saí da fila, eu continuei.
- Mas, atrasou. Por isso, estou na frente agora.

E vocês pensam que parou por aí? As duas ficaram lado a lado na porta, numa competição pra ver quem corria primeiro para a atendente. Uma cena ridícula que durou segundos, até que a mulher que tirou o casaco resolveu não criar uma situação ainda pior. Mas, ficou olhando a mulher com aquela cara que a gente já conhece:

Gente, 08 horas da manhã e o povo já criando clima e amargando a vida dos outros? Por causa de UM lugar, dois minutos de vida e um atendimento "The Flash"? Choquei!

P.S. Nevou ontem, hoje céu azul e sol. Viu que eu disse?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pois não?

O presidente da ONG e eu:
- Você pode rawhfajs bfaoqurqj3brfm vakjqrgva asdakgafnbamf adjarha?
- Como?
- AJshadfna aslirqkrnamsa daslkjrabs dasalkdakhfbva?
- Ahhhh!

Mentira. Continuo sem entender. Mas, como ele faz mímica e me entrega um papel, deduzo o que ele quer.

O problema - meu, claro - é que ele fala "berlinense" (aqui tem dialeto também, sabiam?) e não tão claro quanto poderia, aí embola o meio de campo e de 10 frases que ele diz, entendo 02 palavras. Além disso, ele fala pelos cotoveltos. =P

Uma hora eu terei que entender. Ou não, vai saber, né?

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Adaptação

Existem várias formas de se adaptar. Vários tempos. Várias perspectivas. Vários anseios e dúvidas. Existem adaptações e adaptações. Existem aqueles que se adaptam à Alemanha, mas continuam querendo voltar ao Brasil. Existem aqueles que não conseguem se adaptar, mas continuam tentando. Existem aqueles que se adaptam e só voltam ao Brasil de férias. Existem pessoas.

Tudo isso por conta de uma conversa que eu tive com a minha cunhada (esposa de meu irmão). Ela perguntou como estava minha adaptação, se eu já conhecia tudo na cidade, se já andava sozinha, essas coisas.

Aí eu respondi que primeiro eu tive que me adaptar ao fato de estar morando numa cidade grande, para depois entrar no fator "estar morando na Alemanha". Antes de me adaptar à língua, clima, cultura, tive que aprender a andar de metrô, a me acostumar com distâncias, a olhar horário de transportes, de pesquisar melhores rotas no mapa de trânsito da cidade (ok, os dois últimos pontos só são possíveis aqui mesmo. hehehe). Primeiro, eu tive que me acostumar a estar numa capital, depois em Berlin. Tinha que olhar as vitrines das lojas em tempo de liquidação (porque eu cheguei no fim de janeiro) e me conter para não surtar com todas as 9876124538 opções de como eu poderia gastar o dinheiro que eu nem tinha.

Eu ficava tonta olhando tudo ao redor. Vocês vão pensar que eu sou "analfabeta de pai e mãe", mas eu era só matuta, jeca tatu mesmo. Tááááááááá! Eu sei que isso é exagero, que eu não era tão assim, mas, pô, no nordeste não tem tinha metrô, passei grande parte da vida numa cidade de 20 mil habitantes, morei em uma com 600 mil e em Recife, conheço outras capitais como SP, RJ, POA. Mas, né? Não morei em nenhuma delas. É diferente. Deem um desconto. Amém!

E agora eu sou bicho da cidade grande. Cidade de 3,5 milhões de habitantes. Mas, sem engarrafamento, violência exagerada, e outras coisas mais. Ou seja, sou bicho de cidade grande que ficou só com as vantagens. As desvantagens aqui são outras. E com essas também estou aprendendo a lidar.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Então, é isso...

(texto grande, sinta-se a vontade em não prosseguir)

Sempre alguns dias antes do aniversário costumamos parar para algumas reflexões. É mais ou menos como aquelas que fazemos no final do ano para pensar nas promessas para o próximo. E daí que meu aniversário é quase no final do ano (oi? faltam 6 semanas, viu?) e já aproveito e junto tudo.

Não consigo dizer ainda, depois de 10 meses na Alemanha, se eu me tornei uma pessoa melhor ou pior, se eu sou assim ou assado agora. Eu sei que mudanças aconteceram, porque acontece com todo mundo. Se eu estivesse no Brasil, tenham certeza que eu não passaria 10 meses parada, estaria em movimento, estaria em mudança. Aqui, elas só aconteceram diferente, num ritmo diferente e para objetivos diferentes.

Estou fazendo 29 anos. Nem parece, não me sinto com 29. Talvez, 24, sei lá. Quem me conhece, pode dizer o mesmo. Eu não tenho uma voz madura, eu dou risada de tudo e de todos, eu sou transparente demais, (tirando as marcas de expressão que surgiram na minha cara depois desse tratamento, diria até que tenho cara de menina, as espinhas ajudavam nessa parte. hehehe), sou espontânea e, muitas vezes, impulsiva, me comporto socialmente como uma adolescente espoleta/baiana, entre outras coisas. Mas, sempre fui emocionalmente mais velha. A diferença é que hoje entendo que nem todo mundo é assim e cada um reaje à sua maneira a certos problemas na vida. Só me falta paciência... =P

Eu me sinto outra. Eu vejo a chegada dos 30 anos com outros olhos. Eu não tenho medo da idade, nem dos muitos cabelos brancos que já tenho. Só que eu também sei que ainda tenho muito chão pela frente. Ainda tenho muitos demônios para exorcizar e muitos obstáculos para ultrapassar. Estou disposta a isso.

As coisas irão acontecer, como estão e continuam acontecendo. Só preciso saber o que quero. E, na minha vida inteira, sempre soube o que queria e conquistei. Tenho tudo o que quero e preciso nesse momento. O que me falta, o que quero consquistar, ainda irá chegar. Estou traçando o meu caminho. Se mais longo, mais curto, mais leve ou mais truculento que outros, não importa. É o meu caminho.

Em 21 de janeiro de 2010 recomecei a minha vida. Voltei à alfabetização, me senti muitas vezes enfeite de festa, me frustrei, cai e levantei, morri de raiva de mim, chorei, sorri, vibrei, torci por mim... Não cheguei muito longe, eu sei. Eu poderia ter conseguido mais? Poderia. Mas, será que eu teria desfrutado como eu desfrutei? Será que ter me dado um tempo para viver, para recomeçar a vida não foi um ponto positivo?

Muitas vezes, precisei que alguém me dissesse que estou indo bem. Uma das coisas que perdi ao chegar no país, foi a segurança. Eu me senti insegura. Perdida. Às vezes, duvidava das minhas capacidades. Mas, esses dias, concluindo meu currículo, reavaliando meu passado, eu percebi de novo o que eu já sabia: eu já fiz muitas coisas e eu já consquistei muitas outras também. Só falta que o resto do mundo saiba. Ou não. Basta que eu saiba e não me deixe abalar pelas incertezas dessa vida nova. Afinal, é tudo uma questão de perspectiva. Hoje, estou assim. Amanhã, olharei pra trás e pensarei: "olha só o quanto eu caminhei."

Depois desses 10 meses, estou perdendo amigos que ficaram no Brasil e estou ganhando outros por aqui. Sem desmerecer o benefício das antigas amizades, são essas novas que me mostram quem eu sou hoje - ou quem estou me tornando. Obrigada!

Eu agradeço todo dia. To-do di-a! Em qualquer momento, quando eu recebo algo, quando alguma coisa boa acontece, eu agradeço. Acho que por isso não me falta quase nada. E o que me falta, depende de mim e de mais ninguém conseguir.

Eu tenho um marido maravilhoso que me ama quase incondionalmente. Juntos, construímos um lar. Eu vi os dias passarem e as coisas acontecerem para nós, tudo se encaixando direitinho. Eu tenho amigos. Eu aprendi a reagir mais rápido. Eu descobri valores que antes não conhecia. Eu me tornei menos ansiosa. Eu passei a respeitar meu tempo. Eu nunca pensei em desistir. Eu aprendi a conquistar todo dia e cada vez mais o meu marido, o meu anjo, o meu tudo (você é meu tudo). Eu reconheço. Eu me deixei surpreender. Eu me surpreendi comigo mesma. Eu faço a minha hora. Eu descubro e me redescrubo sempre. Eu agradeço. Eu tenho. Eu tive. Eu terei. E, ainda mais importante, eu serei.

Hoje, dia 22/11, meu primeiro aniversário na Alemanha. Parabéns para mim!


P.S.: Eu não posso esquecer do meu manifesto!

domingo, 21 de novembro de 2010

Idoso desaparecido

Update:
Infelizmente, terei que atualizar este post com a notícia que ninguém gostaria de receber: clique aqui.

Pessoal de SP, Cravinhos e região, atenção!
A Nira pediu para eu divulgar essa nota em nome da Lucimara, pois seu avô está desaparecido.
Uma reportagem sobre o caso vocês podem ver aqui. Não é um hoax.

O texto abaixo, copio do blog da Lucimara, a neta.


Gente,

Precisamos achar meu avô, ANNIBAL GREGÓRIO DA SILVA.
Ele está desaparecido desde a última terça-feira, dia 16/11/10. Vestia camisa xadrez, calça jeans, chapéu e botina. Está sem documentos...

Amigos de Cravinhos e Região...
Pelo amor de Deus!!! Se vocês o encontrarem, parem-o e conversem. ELE ESTÁ PERDIDO. Contatem-nos, liguem pra polícia, pro pronto-socorro... Não deixem que ele vá embora, por favor!!!
Todos estão sabendo e será fácil trazê-lo até nós.

De início achávamos que ele poderia não ter saído da cidade, mas pistas indicam que ele pode estar na região. POR FAVOR, PRECISAMOS DE PISTAS VERDADEIRAS, POIS AS FALSAS OU INCERTAS PODEM ATRAPALHAR NOSSAS BUSCAS
Obrigada!

Rezem...

(16) 3951.7278 / 3951.3113 / 3951.6290
(16) 9191.7840 / 9137.0728 / 9139.3845
(16) 9186.0389 / 9783.8912 / 9143.8292
(16) 9794.1507 
Uma nota minha: Os números foram divulgados para ajudar, trote é coisa de gente burra! Se não é pra ajudar, fique quieto. Já tive uma avó com Alzheimer, sei como é difícil para a família. Que ele seja encontrado bem!

sábado, 20 de novembro de 2010

Sobre os dias cinzas

Marido já tinha me avisado, brasileiros que moram na Alemanha já tinham me alertado, alemães já tinham tocado o terror pra mim. E agora sou obrigada a admitir: Novembro é um mês TER-RÍ-VEL!

Gente, eu nunca me senti desse jeito. Não que eu lembre, claro. TO-DOS os dias cinzas, com chuva, frio... O último dia menos feio foi o sábado passado, que teve um pouco de sol e pude ver o azul do céu e o domingo, que chegou a fazer 17 graus e aproveitei para renovar o ar da casa. Tirando isso, tá um saco.

Depois que eu comecei na ONG ficou ainda pior, pois parece que o dia acaba em três horas. Eu vou para a ONG à tarde, aí acordo às 09h/10h e fico de preguiça (oi? eu nunca disse que era ativa), na net ou fazendo coisas desimportantes, até dar o horário de sair.

Eu vou de metrô, mas ando um pedaço até a estação aqui e da estação até a ONG. Vento na cara, encarando um céu escuro e ruas enlameadas, por conta das chuvas constantes. Ok. Sobrevivo a isso. E na hora de voltar, quando acho que ainda tenho muitas horas pela frente, olho pra fora e? E já está TU-DO escuro, às 16h30. Acabou o dia.

É super estranho essa sensação de dias curtos e cinzas. Deixa eu explicar o tom de cinza pra vocês: não é céu nublado apenas, é o dia escuro. Sabe fim de tarde de inverno no Brasil? 17h30 em alguns lugares? Então, pensem nessa cor o dia todo. Céu, dia, pessoas (porque está todo mundo de casaco escuro), seu humor... Alguém me tira daqui, por favor? (brincadeira!)
Meu cérebro não está assimilando, não está funcionando direito. Eu não sinto falta do sol. Eu sinto falta do azul do céu. Eu juro pra vocês que estou louca para que comece a nevar logo, pois é sinal de céu azul depois e brilho, muito brilho.

Agora que já assumi que vocês todos tinham razão. Dá pra devolver a minha agora? Obrigada!

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Para colorir, selinho do Prêmio Dardos que ganhei da Beth e da Ingrid:

Obrigada, meninas!

E esse foi a Nira:
 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Enquanto isso, na ONG...

Abrem-se as cortinas.
Ato 1
Chego na ONG e encontro uma Sra. na porta fumando. Digo boa tarde e entro. Cumprimento o pessoal e sento-me para conversar com um cara da Blaues Kreuz que estava lá curioso em saber quem era a voluntária brasileira (detalhes...).

Ato 2
A mulher entra, senta-se junto conosco e me oferece um iogurte. Eu já tinha recebido um café do meu colega turco. Eu agradeço e deixo o iogurte em cima da mesa. Eu não queria, mas acho que ela nao entendeu. O colega turco avisa a ela que eu não vou tomar. Ela pega o iogurte de volta e faz uma cara feia. Do nada, começa a sorrir. Comecei a perceber que tinha algo estranho com ela, não era "normal".

Ato 3
Continuamos conversando e ela lendo alguns panfletos, rindo sozinha, fazendo de conta que estava fazendo parte da conversa e eu só observando.

Ela pede água e meu colega vai buscar. Ela pede outro cigarro e meu colega dá. O outro que tem cara da Hells Angel chega e faz uma cara de susto, olha pra mim e gesticula como se quisesse saber quem é. Eu gesticulo, respondendo que não sei.

Ato 4
O tempo passa e ela vai embora.

O colega turco chega para o outro e pergunta:
- Klaus, essa mulher frequenta a ONG há muito tempo?
- Ela? Eu nunca vi na vida.

Encerra-se o Ato.
Fecham-se as cortinas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Síndrome de Status

Eu lembro que quando eu estive na Alemanha a primeira vez, em maio de 2008, muita coisa me chamou a atenção, obviamente. Mas, uma das coisass que mais me impressionou na sociedade alemã em geral, foi o conceito de understatement. Alemão não gosta de mostrar quando é rico. Aliás, quanto mais rico, menos ele demonstra. Vai ter uma Mercedes ou um Audi na garagem? Vai. Mas, ele não irá fazer isso para se exibir, você não se sentirá ofendido porque ele sai por aí com seu carro novo ou dá festas na sua casa grande com o único propósito de mostrar que ele é rico e você não. Principalmente, porque a desigualdade social aqui não é tão grande. A não ser que você seja milionário ou desempregado.

Claro, também, que sempre existem as excessões, os caras inseguros que precisam mostrar o que não têm no meio das pernas. (Perceberam que eu tenho uma opinião radical sobre o tema, hein?) E em cidades onde circulam mais dinheiro também, é consequência.

E isso me chamou atenção, porque a cidade aonde morei na Bahia está cheia de emergentes (eu não estou falando do Brasil todo, perceberam? rs). Quem conhece ou conheceu os emergentes que eu conheci, consegue entender porque eu valorizei tanto esse comportamento alemão. Finais de semanas são o melhor período para competição de quem tem o carro mais caro, o som mais potente e você vê aquele monte de Paris Hilton passeando pela cidade, e meninos recém saídos das fraldas andando bêbados com o carro que acabaram de ganhar. (Ach, aber das ist so cool!) Os pais também não são melhores exemplos. E lá, eles podem mostrar que ficaram ricos (ou se tornaram classe média endividada), além de fazerem questão, porque existe a pobreza. Tem como eles se exibirem, tem como fazer com que outros desejem o que eles têm, sem que possam ter.

Aqui na Alemanha, isso é tratado como Síndrome/Sintoma de Status e discutido, de certa forma, socialmente. Exemplo dado nessa propaganda:

Diálogo
Mulher: Isso soa totalmente fascinante! (Provavelmente, se referia a um novo trabalho do rapaz)
Homem: Bem, mas não se ganha mal, isso é claro. Aqui, (ele aciona o alarme do carro), 120 mil. (Fazendo referência ao valor do carro)
M: Oh! Eu sinto muito mesmo. Gostaria de conversar sobre isso? (Oferecendo seu ombro amigo para que ele discuta sobre seu "problema")
H: (Cara de quem perdeu a trep... moça)
Narrador: Sofre de Síndrome de Status? (...)

Resumindo: síndrome de status é um problema a ser tratado. =P