sábado, 24 de julho de 2010

Tempos de Paz

A peça que virou filme.

Eu não sou chorona. Eu não me emociono em filmes. Eu fico perplexa, compenetrada, admirada, aterrorizada, mas, dificilmente, choro em filmes.

Nesse, eu chorei. Chorei descontroladamente quando o filme acabou. Sai do cinema chorando, andei até o carro chorando. Não conseguia me controlar. Tudo por conta da mensagem final e de uma cena especial.

Um imigrante polonês, no ano de 45, sonha em ter nova vida no Brasil. Ele aprendeu português em seu país. Eram "tempos de paz" da era Vargas, mas ele tinha ainda um desafio ao chegar no porto: convencer um agente de imigração, "ex-torturador" dessa mesma era Vargas, que merecia entrar no país.

O "ex-torturador", frio, impávido, coração de pedra, divinamente interpretado por Tony Ramos, desafia o imigrante, que era ator famoso em seu país, a fazê-lo chorar.

Na cena abaixo, uma das mais lindas que já vi em um filme, o polonês, com seu sotaque carregado, conta que viu o seu mentor morrer na prisão em seu país. Depois de horas de tortura, ele ainda teve forças para recitar algumas palavras, que o imigrante, então, aluno, ouviu e repetiu para o agente "ex-torturador". É essa a parte que está na cena.



Eu não vou mais falar sobre o filme, pois não quero estragar a história.

O trailer, vocês podem ver aqui. Eu assisti no cinema, ano passado.

Dan Stulbach, que interpreta o imigrante, é filho de poloneses que fugiram da guerra para o Brasil. A sua mãe, atriz, aparece em algumas cenas. É a senhora de chapéu que o reconhece na entrega dos passaportes (cena do trailer).

A outra coisa que me emocionou foi que, no final do filme, onde deveriam aparecer os créditos finais, aparecem os nomes de dezenas de imigrantes de diversos países da Europa que migraram para o Brasil e, com o seu talento, fizeram a diferença do lado de lá do oceano.

A guerra não impediu a arte e as pessoas não deixaram de acreditar em si mesmas.

Eu chorei porque pensei, também, em todos os talentos perdidos, em todas as pessoas que não conseguiram recomeçar.

Eu chorei porque ainda temos isso no mundo, seja numa favela no RJ, no sertão nordestino, seja no Afeganistão, seja um dalit na Índia... Tempos de Paz?

O texto do monólogo vocês encontram aqui.

P.S. Eu sei que eu disse que não programaria posts, mas me deu uma vontade tão grande de compartilhar isso com vocês... Quantos filhos e netos de migrantes nós conhecemos? Será que, ao escolher sair de nosso país, também não somos nós "refugiados"? Que façamos a diferença aqui ou lá, em qualquer lugar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pé na estrada

Enquanto vocês leem essa mensagem, marido e eu estamos indo ali passear pela Alemanha. Vamos fazer uma volta. Saímos de Berlin em direção a Hamburgo, depois Bremen, Trier, Furtwangen, Konstanz, München, Nürnberg e Berlin, de volta em casa. Entre as principais cidades, tem as outras paradas, uma ali, outra aqui.

De passagem, além de visitar amigos de marido que ele não vê há anos, visitarei blogueiras que já desvirtualizei aqui em Berlin. Vou chegar de mala, cuia e marido. Vocês vão ter que me engolir!! São elas:

D. Flor,
Liza e
Sandra.

A viagem deve durar duas semanas. Antes do dia 10/08 estaremos de volta.
Eu pensei em deixar posts agendados para vocês não morrerem de saudades de mim (meu nome deveria ser Tássia - tá se achanado!), mas ai eu pensei que seria pouco original e o que vocês querem mesmo saber é sobre a viagem e aventuras.

Então, sempre que der, escrevo alguma coisa por aqui para mostrar que estou viva e curtindo tudo.

Quem sabe, numa próxima viagem, eu não apareça lá pela Suíça, Holanda, Suécia... tem gente espalhada pelo mundo todo, meu Deus! ;)

De qualquer forma, não me esqueçam!!!! Eu sou uma pessoa muito carente. hahahaha

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Grandes poderes trazem grandes responsabilidades

Que eu consegui o visto de residência com facilidade não é novidade para ninguém.
Que eu adquiri o direito de morar na Alemanha e viajar tranquilamente pela Europa (até parece que eu tenho $$$$) também não é novidade.

A novidade, além dos direitos, são os deveres que preciso cumprir. É claro que eu já tive que providenciar o meu Lohnsteuerkarte para 2010. Um cartãozinho charmoso e amarelinho que indica o meu número de cadastro e a categoria de imposto em que estou classificada.

Como marido trabalha e eu não, a minha classificação é a mais baixa. Ou seja, quando eu estiver trabalhando, pagarei, em porcentagem, mais impostos que meu marido. O que é interessante, porque a lógica é que quem ganha menos no casamento, paga mais imposto, em compensação, mais imposto de quem ganha menos ainda é menos do que se fosse cobrado a mesma porcentagem de quem ganha mais. Entenderam? Nem eu. Peraí que vou desenhar:

Digamos que marido ganha 2.000 mensais e eu ganhe 1.000. Se a minha categoria de imposto é a 5, eu pago 40% de imposto, porque já há outro trabalhador na casa. 40% de 1000 é menos do que se fosse cobrar os 40% do marido que ganha mais. Ficou mais claro agora?

Isso só vai mudar se, por ventura, eu ganhar mais que marido. Aí os papéis se invertem.

* Os números são ilustrativos. Mas, na média, o alemão paga entre 30 e 40% de impostos + o plano de saúde.

Sim, vocês conhecem a frase do título. É do Homem Aranha. rsrsrs

quarta-feira, 21 de julho de 2010

6 meses

Só para registrar: hoje faço seis meses morando na Alemanha.

Cheguei no dia 21/01/10. Fazia -7 graus. Eu nem liguei para o frio. Eu não queria era largar o pescoço do meu maridinho. Foram quase três semanas de separação. Ele viajou antes, no dia 03/01.

Eu vou ser repetitiva se disser que de lá pra cá muita coisa mudou. Mudou mesmo. Muita coisa aconteceu também. Graças a Deus, tudo para melhor. É só ler o blog todo pra saber. Hehehehe

Nossa vida no Brasil não estava um mar de rosas. A gente apanhou bastante durante uns três anos. Ele mais do que eu. Eu tinha um trabalho que gostava de fazer, ao menos. Acho que por isso, valorizamos tanto nossa vida aqui. Eu não reclamo das dificuldades, fico frustrada, às vezes, porque é normal me cobrar demais.

No início, foi difícil admitir que eu era mesmo uma analfabeta, que eu precisava de ajuda para decifrar rótulos, entender orientações mais simples. Eu me sentia uma muçulmana ao lado do marido, faltava só a burca. (exemplo exagerado só pra vocês sentirem o drama.)

Porém, os dias foram passando, eu fui aprendendo, me atrevendo... Agora, estou mais independente e já consigo me virar sozinha. Ou não. Um dengo, muitas vezes, é bom. rs

Os próximos seis meses serão igualmente desafiadores, o próximo ano também, o seguinte e o outro e o outro...

Isso é que é bom, "a vida não para".

P.S. Por causa do incentivo de vocês, comecei a escrever o livro. Obrigada!

Coisas do verão

- Você vê pessoas disputando cada metro quadrado de grama de um parque, praça ou rua para tomar banho de sol.
- Você vê pessoas disputando centímetros quadrados nas "praias" dos lagos e rios de Berlin para poder tomar um banho.
- Você caminha entre essas pessoas e se surpreende com um topless ali, outro aqui.
- Você vê pessoas trocando de roupa (a normal para a de banho) no meio das outras pessoas nessas mesmas "praias". Isso aí, eles ficam nus na sua frente. A cena mais "linda" é quando eles abaixam para pegar alguma coisa no chão. Visão privilegiada. Cof cof cof. Vou ter pesadelos ainda por causa disso.
- Você vê pessoas nuas, simplesmente.

Estou tentando me acostumar, me adaptar. Acho que atentado ao pudor, violento ou não, não existe na Alemanha. ;)
Mas, eu juro que a criação que minha mãe me deu me impede, inclusive, de tirar qualquer uma peça de roupa na frente de estranhos.

Ver os outros peladões, ok. Verem a mim? Nem sonhando.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um pouco da Bahia

O que aconteceria se os tradutores de filmes fossem baianos:

Uma linda mulher: A nega é toda boa
Velocidade Máxima – O Buzu Avionado
Os Bons Companheiros – Os Corrente
O Paizão – O Grande Painho
A Morte Pede Carona – A Misera Quer Pongar
Ghost – O Encosto
O Poderoso Chefão 1 – ACM
O Poderoso Chefão 2 – ACM Júnior
O Poderoso Chefão 3 – ACM Neto
O Exorcista – O Lá Ele
Táxi Driver – O Taquiceiro
Corra Que A Policia Vem Aí – Se Pique Que Os Homi Tão Descendo
O Senhor dos Anéis – O Coroa Dos Balangandan
Janela Indiscreta – Vizinho Na Cócó
Velozes e Furiosos – Ariscos e Virados No Estopô
Esqueceram de Mim – Me Crocodilaram
Forrest Gump – O Culhudeiro
Clube da Luta – Os Comedor de Pilha
O Cavaleiro das Trevas – O Jagunço do Breu
Cidade de Deus – Bairro da Paz
O Que É Isso, Companheiro! – Colé de mermo, véi!
A Casa Caiu - A RONDESP chegou
O fim dos dias - Nós "tamo" é lascado
Mamma Mia! - O pai ó
Turistas - Os gringo
2012 - Não vá que é barrio!
Guerra dos mundos - Hoje tem Ba X Vi!
O Chamado - Venha cá, vei
O Chamado 2- Se chegue logo, man
Á beira da loucura - Tu tá é muito doido!

Recebi por e-mail.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Para me ajudar e ajudar quem quiser também

inventei mais um blog. Pois é.

Esse é para praticar um pouco do que estou aprendendo sobre a língua dos germânicos.

Vou publicar dicas para facilitar a aprendizagem e fixar conteúdo.

Quem quer entrar nessa loucura comigo, clica aqui.

Vivi, você que lê meu blog e que só comentou uma vez na vida (hehehe), taí, lembra que eu disse que ficaria para as férias?

Acho que não me acostumarei

Andando pelas ruas de Berlin já vi de tudo um pouco, mas tem uma coisa da qual não me acostumo. Explicarei.

Pessoas pedindo.
Pedintes.
Sem tetos (Obdachlos).
Famintos.

Já vi gente abrindo lata de lixo, pegando um pedaço de pão e comendo.
Já vi um senhor idoso pedindo dinheiro no metrô.
Já fui parada para comprar o jornal dos sem-teto e ainda, com a Daniela, convidada para assistir ao jogo da copa com ele. rs
Já vi senhora pedindo.
Já vi ciganos no semáforo se propondo a limpar parabrisas. Lembram de cenas parecidas no Brasil?

Tirando os ciganos, que são nômades, passeiam de país em país, não entra, ainda, na minha cabeça essa história de pedintes e famintos na Alemanha. E tem sem-teto que é por opção, por disturbio mental, por abandono...

A Alemanha tem um sistema social invejável - e polêmico para alguns alemães - mas, ainda assim, existem pessoas que não têm dinheiro suficiente. Ou eles não têm coragem - ou excesso de orgulho - para pedir ajuda ao Estado, ou são ilegais, ou recebem ajuda e gastam sem controle.

Bolsa família é fichinha perto do que o governo alemão paga (casa+comida+roupa+plano de saúde...)

É uma cena que não se encaixa. Um país rico, com um bom sistema social e pedintes. Destoa. É feio. É como uma pintura mal feita. Ou uma pixação num muro. Sai de tom mesmo.

Não estou dizendo com isso que é um problema social, que a Alemanha não é o que parece ser etc etc. Sou eu que não me acostumo, sou eu que esperava mais (ou menos) do país. É a imagem na minha cabeça que tem que mudar, pois não existe perfeição, óbvio.

E enquanto isso, eles continuam lá, nas ruas.

sábado, 17 de julho de 2010

Forno

Daí que meu apartamento virou um forno. Forno!!

Eu entrei na mania brasileira de ficar arreganhando (ui!) portas e janelas no verão e me dei mal. No início, chegava do curso e a primeira coisa que fazia era abrir a porta da varanda para deixar o ar entrar. Só que aí, as temperaturas foram aumentando nesse mês e eu mantinha a bendita porta aberta. Com a janela do nosso quarto era a mesma coisa.

Mas, eu, brasileira, matuta do interior, esqueci (ou não sabia) que as casas e apartamentos por aqui são feitas para reter a temperatura interna por causa do inverno e o aquecimento. Agora, imaginem a temperatura interna quando lá fora está fazendo mais de 35 graus como tem feito ultimamente?

Bingo! A casa virou um forno. E não tem mais jeito de fechar as janelas e a porta da varanda. É pior.

Tive que passar na casa de outros alemães para ficar sabendo como eles fazem e as casas deles estão sempre mais frias que fora, numa temperatura agradável. Eles deixam as janelas e "rolladen" (proteção para as janelas e portas externas) fechados na hora que bate o sol ou nos momentos mais quentes do dia. O ar quente não entra e a temperatura interna é sempre mais baixa que a externa - o contrário do inverno. Eu fazia o oposto. Jeca tatu!

Posso dizer que esse foi o mico do verão e eu vou derreter até as temperaturas baixarem mais. Se é que baixam antes do outono...

Ah tá, aí vocês vão perguntar porque marido não me disse pra fazer como os alemães daqui. A resposta é simples: maridinho querido é fumante. Tenta ficar em casa com ele e as portas fechadas, tenta. Eu poderia obrigá-lo a fumar do lado de fora, né? (Risadinha maquiavélica: hohohohohoho!)

P.S. Hoje está chovendo, veremos se a casa refresca.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tomando cuidado com as palavras

Com o calor que está fazendo (já cansei até de falar nesse assunto), muita gente está tirando os seus modelitos mínimos do guarda-roupa para conseguir aguentar esses dias.

Daí que em um desses dias, a moçoila aqui viu o casal idoso de vizinhos do andar de cima saindo de casa, ela, que tem a boca maior que tudo, fala em tom normal, mas em português:

"Olha a bermudinha sexy do velhinho."

Era uma bermuda jeans curta. Tudo bem. Dias se passaram e, hoje, ele caminha embaixo da janela do meu escritório, que estava aberta para entrar um ventinho e diz bem alto:

"Sexy!"

O que posso deduzir é que o diacho do velho ouviu o que eu disse e, como ele não é besta, nem nada, entendeu o recado e ficou aguardando a oportunidade para a sua "vingancinha". Afinal, sexy é sexy em todo lugar do mundo, né?

Com que cara eu olho pra ele agora?

quinta-feira, 15 de julho de 2010

FAQ - 12. Visto de residência na Alemanha

E então que hoje foi o dia de ir apresentar a papelada para receber o meu visto/autorização de residência, como falei aqui.

Levamos tudo que nos foi pedido e mais um pouco. Chegamos às 13h50 e tivemos que procurar a sala, pois o prédio está em reforma e houve um remanejamento de salas e departamentos. Não foi difícil encontrar.

Eu tinha a senha 199 e deveria ser chamada às 14h em uma das salas de atendimento. Às 14h02 meu número foi chamado. Entramos na sala e um homem simpático e bem-humorado nos recebeu. Primeiro bom sinal. Ele pediu meu passaporte e perguntou se era visto em função de casamento. Dissemos que sim e ele procurou meu registro no sistema.

(Ponto importante: a lei para casamento de brasileiro(a) com alemã(o) mudou. É possível entrar como turista, realizar o casamento aqui e depois mudar o visto, com menos burocracia do que se ainda tivesse que pedir visto de noiva(o) no Brasil. E menos tempo de espera também. Assim eu fiz. Como já tinha feito um prolongamento do visto de turista por mais três meses, já existia um processo meu no sistema com foto, cópias de outros documentos e a solicitação de visto preenchida.)

Depois, ele pediu a certidão de casamento e, enquanto ele olhava o documento, perguntou a marido se eu falava alemão. Eu nem esperei a pergunta acabar e respondi: "Ein bisschen." (Um pouco). Com alegria, ele respondeu: "Já passou no teste de alemão, você falou com muita espontaneidade." Segundo bom sinal.

Marido perguntou se ele não queria ver os outros documentos que havíamos levado. Ele olhou a papelada na nossa mão e disse que não precisava, confiava que estava tudo ali. Terceiro bom sinal.

Ele tirou cópia da certidão de casamento e voltou com dois formulários para preenchermos e assinarmos. Pediu que saíssemos da sala e voltássemos quando fóssemos chamados novamente com o papel preenchido.

O papel era uma declaração em que ambos afirmavam serem casados, que moravam juntos no mesmo endereço, se comprometendo em avisar caso a situação mudasse. Preenchemos com nossos dados e fomos chamados na sala novamente pelo sistema de senhas.

Quando entramos, meu visto já estava impresso em cima da mesa, ele assinou a declaração que entregamos e colou o visto no meu passaporte. Quarto bom sinal.

A surpresa vem agora. Ele me deu um visto de TRÊS ANOS. Eu não preciso voltar lá no próximo ano, nem no seguinte para fazer a renovação. Só preciso voltar para ter o visto de permanência e entrar com o processo de cidadania, caso eu queira. O normal seria voltar a cada um ano para a renovação, até completar os três anos. Nesse caso, não sei se a lei mudou ou se eu fui agraciada mesmo.

E também, o visto já traz a autorização de trabalho. Não preciso ir no Arbeitsamt para pedir isso e passar por toda uma burocracia novamente. É automático. Está escrito no visto: Erwerbstätigkeit gestattet, que quer dizer que tenho autorização para trabalho e/ou montar um negócio na Alemanha. Aqui, eu acho que é mudança de lei pois, eles integraram os sistemas.

Voltamos para o carro às 14h35. Ou seja, em meia hora resolvemos tudo para os próximos três anos!!!!!

Imagina a leveza que estou sentindo agora. Posso dizer que finalmente cheguei na Alemanha. Agora, só faltam mais dois pontos para ter todos os meus planos concretizados: o Test-DAF (teste de proficiência alemã) e um trabalho. O resto é consequência.

E a vida continua, bela e feliz. =D

No princípio era assim...

Estava lembrando das coisas que me chamaram a atenção na primeira vez que estive na Alemanha, em maio de 2008.

Para deixar guardado, registro aqui a matutice da autora desse blog:

1. Nossa, papel se joga no vaso sanitário!?
2. Oxe, porque o interruptor da lâmpada do banheiro fica pra fora?
3. Meu Deus, vou ser atropelada! Ops, o carro parou pra mim.
4. Por que se joga tudo fora, até roupa?
5. Que língua mais esquisita. Parecem que estão rosnando.
6. Minhanossasenhoradabicicletinha, aquele homem está pelado no parque!!!
7. Que calor!
8. Por que os telhados das casas são tão inclinados? Ahhh, para a neve escorregar.
9. Estacionamento é o olho da cara.
10. Sai da frente!!! Bicicleta passando e você está na faixa dela.
11. Cachorro entrando em restaurante?
12. Hahahahaha! Isso é a praia deles?
13. Como tem gente feia nessa cidade.
14. As mulheres andam como se fossem homens! Cadê a elegância e o gingado brasileiro?
15. Que cara doido, deixou o carro aberto. Ninguém rouba?
16. Jesus! Eu caminhei esse tempo todo com a minha bolsa aberta? Está tudo aqui!
17. Quantos velhos!
18. "Há flores por todos os lados, há flores em tudo o que vejo."

Se lembrar de mais coisa, faço outro registro. ;)


Update:
A colaboração da Jane nos comentários foi perfeita, ai vai:

1. Gente, tem reloginho no ponto de onibus, e ele passa no horário!
2. Aliás, tem mapa, reloginho e plano de horários!
3. Olha só, eles separam o lixo!
4. Olha só nao tem roleta pra entrar em nenhum transporte!
5. Gente, minha bolsa ficou esquecida por umas duas horas na cestinha de bicicleta, eu voltei e ela ainda estava lá!
6. Caramba, nao sabia que era feio assim "fungar" em publico!
7. Caramba, também nao sabia que era o cumulo da falta de educacao telefonar pra alguem e nao se identificar de imediato! Isso inclui ligar para a companhia de telefone.
8. Jura que fulano nao vai ficar chateado de nao ser convidado pro casamento? Que alemao entende isso na boa?
9. Caramba, quanto carro conversivel aqui no verao! E de capota aberta, mesmo parado no sinal!
10. Nossa, essas caixas de supermercado sao rápidas, ne?
11. Vixi, esqueci de trazer a sacola de compras, vou ter que comprar uma!

E adiciono mais uma:
12. As garrafas PET valem OURO! E são devolvidas ao supermercado. ;)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Já que não estou fazendo nada mesmo

Resolvi começar a escrever um livro.
Na verdade, tenho ideias para três livros já há uns anos. Todos com histórias completamente diferentes. Um deles, o que estou com vontade de começar, é um livro de contos.

Tenho umas cinco ou seis histórias praticamente prontas na minha cabeça. Falta mesmo começar a escrever.

O problema é que quando escrevo fico muito neurótica, leio, releio, reviso, edito, corto, escrevo mais, leio, releio... Sempre acho que dá pra melhorar. Por isso, prefiro os textos curtos, como os do blog.

Já que é pra juntar coragem, porque não começar, então, pelos contos?

O que vocês acham?

terça-feira, 13 de julho de 2010

Eu confesso

Eu não sou fresca, mas sou muito besta.
Besta porque amo. E quem não é? Atirem a primeira pedra.
Eu tenho o coração mole. Mesmo lutando para que ele não seja algumas vezes. Mas, eu não posso olhar nos olhos dele, não posso.

Não estão sendo meses fáceis, apesar de achar que me adaptei muito rápido. Ainda assim, minha cabeça está cheia de dúvidas, do tipo: será que eu vou ficar fluente no alemão? será que meu currículo será valorizado? será que arrumo um emprego legal? será que? será...?

Eu tenho alguns "traumas" para resolver. Algumas coisas me irritam profundamente. Principalmente, uma pergunta típica feita para mulheres casadas chegando nos 30: você não vai ter filhos? Não. Não sei. Sei lá. Nunca. Quem sabe.

Ler textos como o dessa moça aqui me enchem de energia. Como eu disse no comentário que deixei lá: "o melhor de tudo é reconhecer, agradecer e continuar aproveitando". Eu sempre agradeço.

Eu queria ter um polvo vidente pra mim. Assim, saberia o que o futuro me reserva, porque eu não gosto de surpresas desagradáveis. Ninguém gosta.

Eu já disse que eu sou besta? Pelo mesmo motivo. Sempre. Às vezes, tenho ideias doidas na cabeça. Às vezes, eu fico pensando nas circunstâncias e, nem sempre, é bom. Às vezes, eu faço ou digo coisas das quais eu me arrependo, porque não gosto de ver olhinhos tristes me fitando. Às vezes, eu queria que fosse sempre simples e fácil porque deveria ser. Porém, existem os obstáculos. Alguns de passagem e outros que permanecem e que precisamos aprender a lidar. Eu preciso aprender a me aceitar também, como sou aceita. E viver em TPM constante (por causa de tudonovodenovoaos28quase29) não ajuda muito.

Eu queria aprender a pedir desculpas mais vezes. Você me desculpa?

Eu me rendi ao verão alemão

Entrei na água fria de um lago. Juro.

Aqui a água é fria. Sem praia, o povo vai para piscinas públicas ou lagos, artificiais ou não. Fui com meu cunhado em um lago em Potsdam, cidade que eu adoro.

Fui visitá-lo para desenferrujar meu alemão, já que em casa não rola. Casa de ferreiro... Cheguei na estação às 15h, como combinado, já entrei no carro dele falando alemão. Fomos pra casa, tomamos um sorvete, conversamos mais um pouco e seguimos para o lago.

A paisagem é muito bonita e o lago é raso. Assim, a água não esfria tanto, estava acima de 20 graus, mas não sei dizer quanto, só sei dizer que estava fria. Mas, eu entrei. Não tirei fotos para provar. Só tem meu cunhado de testemunha e meu cabelo que ficou um bagaço depois. Porque, né, eu não queria molhar, mas homem que é homem sabe ser delicado e joga água no nosso cabelo achando que é uma coisa muito engraçada. Eu só não bati nele, porque, senão, ficava lá e ia pra casa como? rs

Mas, foi legal. No fim, foram três horas seguidas só de alemão, falamos sobre economia, política, meio ambinte, Brasil, Alemanha, América Latina... Depois a cabeça travou, as palavras não saiam e parecia que eu tinha levado uma surra. É demais pra minha cabecinha.

Semana que vem tem mais. Já está marcado.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pagando mico em família

Cheguei de viagem e, é claro, tenho história pra contar.

Viajamos na sexta para visitar a minha sogra em Hannover e, de lá, seguimos para Münster, aonde aconteceria uma festa de amigos no sábado. Ficaríamos também o domingo, mas esse calor dusinfernu nos fez mudar de ideia e chegamos ontem à noite.

Minha sogra tem três filhos. Marido é o caçula e meu cunhado é o mais velho. Tenho ainda uma cunhada que mora em Osnabrück. Eles resolveram que iriam os três para se encontrar com a mãe, já que é raro que isso aconteça. Principalmente, porque marido morava no Brasil.

Minha sogra fez 90 anos, quando está cansada começa a pensar, digamos, de forma diferente: volta ao passado, esquece nomes, não lembra aonde está, essas coisas da idade. Agora imaginem no calor de 37 graus que fez - e ainda está fazendo - neste final de semana? Saímos com ela para um restaurante e ficamos por lá, comendo, bebendo e conversando.

Em determinado momento, marido e eu nos abraçamos e fomos nos beijar. Pronto, começou o mico. Ela, que não enxerga quase mais nada e estava a uns três metros da gente, na cabeceira da mesa, olha na nossa direção e diz:

- Halloooo!

Não foi um simples "Hallo", foi um "Hallo, eu estou aqui, atenção, cuidado, isso é feio, não se faz isso na frente de outras pessoas...".

Eu fiquei vermelha de vergonha e todo mundo rio, os filhos, o genro dela (marido da filha) e minha enteada. Se eu fosse avestruz, teria enfiado minha cara no primeiro buraco que eu encontrasse.

Ela, simplesmente, esqueceu quem eu era, que já era casada com o filho dela e que já não éramos mais crianças.

Como isso aconteceu na sexta, óbvio que virou piada para o final de semana inteiro, né, minha gente!

Fiquei traumatizada.

sábado, 10 de julho de 2010

Realeza

Quando se mora na Europa, a pessoa precisa se acostumar a ouvir nomes de príncipes e princesas com frequência nos jornais, revistas e canais de TV do país em que mora.

É a princesa da Suécia casando.
É o príncipe da Holanda assistindo ao jogo da Copa.
É o prícipe Harry da Inglaterra que só anda em balada.
É o príncipe de não sei aonde com uma nova namorada.
São os castelos e palácios que não me deixam esquecer disso.
E o fato de eu ter completa certeza que nem 1% do meu DNA pertence a qualquer realeza dessa. Eu só plebeia, povão, massa.

Eu só assisto.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Paranoia alemã

Daí que eu descobri a tempo que estava ficando com uma paranoia (sem acento mesmo) alemã. Uma das, diga-se de passagem.

O transporte público na Alemanha, em Berlin principalmente, funciona muito pontualmente. Muito pontualmente. Muito. Muito. Ok, vocês já entenderam.

Daí que na terça fui visitar a mais nova Frau da cidade no Tiergarten e fui pra estação pegar o S-Bahn. Até aí tudo bem. Até aí. (Ai, estou muito repetitiva hoje, vou tentar me controlar.) Eu tinha que pegar um trem que saia de 4 em 4 minutos. Fui comprar a minha passagem, porque morro de medo de ser pega no controle, e demorei na máquina porque o sol estava batendo na tela e porque ela não aceitava minha humilde nota de 5 euros que estava amassada. Precisei receber o troco de uma nota de 10 todo em moeda. Foi o tempo do bendito trem chegar e sair. Ok. Passaria um novo em quatro minutos.

Ai começa a paranoia alemã. 4 minutos? Ficar mais 4 minutos esperando o trem? Eu ia chegar atrasada, já estava em cima da hora, caramba, como é que eu perdi o trem? Como pode isso? Meu zeus, 4 minutos! Que droga! Vou atrasar! Vou atrasar!

Nesse tempo em que eu ficava reclamando, o trem seguinte chegou. Eu entrei, nem sentei pra não perder o ponto e sai correndo pra chegar no horário, subi as escadas correndo e fui em direção ao endereço.

No meio do caminho tinha uma pedra. Não, não é este o texto. No meio do caminho eu me toquei: peraí, eu sou doida? Fiquei estressada por causa de 4 minutos? Já estou ficando alemã mesmo. Olha o stress, menina. Controle-se!

Isso porque é contagiante. Enquanto estava comprando a passagem, ouvi que o trem que eu não ia pegar iria atrasar alguns minutos e o pessoal da estação ficou de cara amarrada e uns até bateram o pé!

Eu perdi quatro minutos da minha vida esperando um trem. É esse o pensamento de um alemão.

P.S. Viajei, só volto na segunda. Esse é um post programado.
P.S 2. Ultimamente, meus posts estão cheios de P.S. Estou tendo coisas demais pra contar. ;)
P.S 3. Eu sou uma pessoa muito besta.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Férias de verão

Marido está de férias desde ontem. Professor tem vida boa. Falo da quantidade de férias, claro. Fica em casa seis semanas.

Enteados ficam aqui até o dia 21/07. Depois, marido e eu faremos uma viagem pela Alemanha. A proposta é tentar passar por todos os 17 estados do país. Um desafio e tanto. Começamos por Hamburgo, desceremos até o Bodensee e voltaremos por Munique.

O legal será como viajaremos: um carro, uma barraca de camping, cesta de comidas e bebidas, visitando amigos que fizemos em alguns lugares, pernoitando em suas casas (se formos bem vindos. rsrs) e curtindo a paisagem.

A gente só vai escolher aonde parar na hora. Exceto quando formos visitar alguém, aí tem que programar antes, né?

Por isso, meu povo, preparem os quartos de hóspedes, pois nós vamos invadir a sua praia!

E-mail novo

Então que o e-mail não ressuscitou. Criei um novo, de novo, novamente.

É quase igual ao outro, só muda uma letrinha: rindonalemanha@gmail.com

Peço, encarecidamente, para quem me enviou um e-mail, que, por favor, envie novamente, pois os contatos ficaram na outra conta e, olha que interessante, o Gmail não importa e-mails do próprio Gmail. Legal, né? ;)

Tem endereço de gente que está vindo morar aqui, tem telefone (esses eu salvei), tem um e-mail esperando pra ser respondido... Vocês podem me encaminhar novamente? Diz que sim, diz que sim. Sim???

Estarei esperando.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Alternativa

Eu tive que escrever uma carta para meus pais. Vou mandar pelos correios.

Isso mesmo, correios. Carta. Papel. Selo. Correios.

Falar por telefone não é suficiente. Só consigo falar direito com meu pai, pois minha mãe tem problema de audição e só entende as perguntas e respostas básicas. Se saír do óbvio, ela não entende.

Eles moram no interior da Bahia, numa cidade a 100km de Salvador. Pela distância, poderia ser possível ter uma internet de qualidade nessa cidade. Mas não tem. Exatamente na rua onde eles moram não tem "tronco" (como o povo da telefonia fala) para uma conexão de internet. E-mail é lenda, computador é máquina de escrever.

Lá fui eu escrever uma carta. Acho que a última vez que eu fiz foi em 1997, quando uma amiga mudou de cidade e eu morava neste mesmo interior...

Assim, está lá escrito e assinado que eu estou bem, que eles não precisam se preocupar comigo e que eu tenho um apartamento alugado e um carro, que não estou magra nem gorda demais, que meu cabelo está adaptado a água de Berlin e que estou com saudades. Coisas que interessam a pais como os meus. Pois, mais do que isso, foge à compreensão. Como um contrato.

Pais sempre precisam da prova dos nove. E eu sei que minha mãe só sossega depois de vir aqui, ver com os próprios olhos de que está tudo bem, mas, por enquanto, a carta é a única alternativa.

terça-feira, 6 de julho de 2010

E-mail

Pessoas, seguinte:
Aquele e-mail que está ali do lado ficou maluco, igual a dona. É.
Eu recebo e-mails, mas não posso abrí-los. Não sei o que é que a pqp não abre. Tenho e-mails para responder e enviar, não esqueci de ninguém.
Já está assim há uns três dias. Estou esperando ver se baixa um santo ou se o encosto vai embora para a situação regularizar.
Caso isso não aconteça, vou criar outro para a gente continuar se comunicando. O 342578. e-mail que crio na minha vida.

Portanto, paciência, meu povo, paciência.

P.S. Também vi que recebi comentários e eles, simplesmente, não aparecem no blog. Perdoem essa tecnologia, ela não sabe o que faz.

Na embaixada

Eu precisei ir na Embaixada Brasileira fazer cópias autenticadas de alguns documentos para enviar para o Brasil.

Cheguei às 09h30 e falei com o responsável, um cearense confesso. E foi uma das experiências mais engraçadas que já tive na Alemanha.

Cena 01:
"Olá Sr. preciso fazer umas autenticações."
"Venha até aqui para me mostrar, por favor."
Tiro os documentos do envelope e vou mostrar os originais.
"Não preciso dos originais, confio em você."
"Obrigada". - Nessa hora, já estava fazendo a simpática com um sorriso no rosto.
"Mas, não fica pronto hoje, ok?"
"Ok, posso vir buscar amanhã?" - Era quinta-feira.
"Amanhã não, só na segunda."
"Tudo bem, então."
"O quê? Você não vai brigar comigo?" - com a cara mais incrédula do mundo.
"Eu? Por quê?" - rindo da pergunta.
"Todo brasileiro que vem aqui briga comigo por causa dos prazos. Você está sendo bem simpática."
"Obrigada." - rindo mais ainda. Cearense sabe falar de um jeito muito engraçado.
"Você vai pagar como? Tem cartão de débito?"
"Ainda não."
"O serviço é 8,50."
"Só? Mas, são dois documentos e duas cópias de cada. Não seria o dobro?" - eu tenho mania de ser honesta.
"Não, não. Deixa assim mesmo. A sua iniciativa foi muito inteligente." - a de fazer mais de uma cópia. Até na embaixada tem o famoso jeitinho. E vamos confessar, ele simpatizou comigo. hehehe
Aí ele vai pegar um papel com o número da conta para que eu fizesse o depósito no banco e voltasse com o comprovante. Ele avisa que eu posso voltar com o envelope selado e com meu endereço para que ele me enviasse por correio sem que eu precisasse ir buscar. Ok.

No intervalo, vou me encontrar com Daniela, uma brasileira com quem passaria algumas horas do dia, conversando, comendo e assistindo um filme e que mora bem perto da embaixada, peço pra ela ir pagar para mim para não precisar ir ao banco e resolver logo. Compramos também os selos.

Cena 02
"Pagou?"
"Não, trouxe minha colega pra passar o cartão dela pra pagar que é mais rápido."
"E a carta selada?"
"Está aqui."
"Você não colocou o selo?"
"Ainda não."
"Ai minha filha, é fácil, é só lamber o selo, ó!" - Aí ele pega o selo e passa na língua com toda a vontade do mundo e coloca no envelope. Eu já estava rindo de todos os jeitos que eu sei rir.

Cena 03
A gente paga pelo serviço e na hora dele me entregar o comprovante, ele diz:
"Olha, continue com esse humor, viu?" - peraí, o humor é dele ou meu?
"Ok"
"Porque nesse manicômio que a gente vive por aqui, só tendo humor para não ficar doido."
E eu ria, ria, ria...

Posso dizer que vai ser fácil voltar à Embaixada novamente.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ich liebe dich ou Ich habe dich lieb

E aí que eu aprendi que na Alemanha (na Suíça e na Áustria tb?) só se diz Ich liebe dich para os pais, namorado(a) ou esposo(a).

Se eu quiser dizer para um amigo, não posso dizer "eu te amo", porque disseram que essa frase é muito forte e quer dizer um interesse maior.

Na hora eu fiquei me lembrando de quantas vezes eu disse "te amo" para os meus amigos. Os verdadeiros. Aqueles que estiveram comigo nas alegrias e nas dificuldades. Aqueles de quem eu sinto saudades, que gostaria de estar por perto. Quantas vezes essa declaração salvou amigos do fundo do poço. Quantas vezes ela me salvou.

Mas, também posso contar nos dedos quem já ouviu isso de mim. Três ou quatro amigos. Além de meus pais e meu marido, claro. Meu irmão também, não posso esquecê-lo. Ah, e minha prima. E um outro primo que, na última vez que vi, tive vontade de dizer e não disse, achando que teria outra oportunidade. Não houve outra oportunidade. Meses depois foi assassinado. Ponto.

Daí em diante, nunca mais deixei pra depois. E dizer "te amo" pra mim é tão sincero e importante...

Tem uma outra forma de dizer a mesma coisa? Tem. Ich habe dich lieb. Algo como "eu gosto de você". E por que, para mim, não soa suficiente? Eu queria dizer "te amo".

Notinha: Não discuto a superficialidade da frase. Pelo menos, nunca a usei de forma superficial.

Ainda preciso me acostumar com as nuances da língua, me adaptar. Porque se pra mim não soa suficiente, para um alemão "Ich habe dich lieb" pode ser muito mais.

Vivendo e aprendendo.

domingo, 4 de julho de 2010

Não me toque

Daí que cunhado tem um amigo do coral.
Daí que esse amigo só me viu umas três vezes na vida.
Na primeira vez, ele me abraçou e passou a mão nas minhas costas, de cima a baixo.
Eu não estranhei na hora.

Daí que na segunda vez que ele me viu, ele segurou a minha mão e ficou a um palmo do meu rosto.
Comecei a achar estranho.

Na terceira vez que ele me viu, sentou ao meu lado e colocou a mão na minha perna.
Marido teve que vir pra marcar território. Me deu um beijo na boca e ele levantou todo cabreiro.

A distância de segurança que um alemão deixa entre ele e você é de, pelo menos, um metro. Por isso que oferecem as mãos para cumprimentar. No Brasil, a distância cai para 50cm.

A conclusão que chego é que ele é tarado. O típico perfil de um velho babão. rsrsrs

Pode ser estranho para uma brasileira desconfiar desses carinhos, porque brasileiro faz muito isso. Mas, eu SEI que alemão não faz. Se ele faz, é porque tem algum probrema (assim mesmo).

E ele já virou assunto de piada. Marido não tem ciúme dele porque sabe que não é um concorrente em potencial. Ele tem pena. Porque diz que o cara se contenta com esses carinhos vazios para chegar em casa e... vocês sabem o que ele faz por lá.

A mulher dele é um dragão. Está sempre por perto, olha pra ele de cara feia quando ele faz isso. Ela sabe o homem que tem em casa.

Ele não é assim só comigo. Com todas as mulheres jovens e interessantes que estavam presentes na última vez ele fez a mesma coisa. Notaram? Eu me acho jovem e interessante. Piada.

Eu tenho pena. E mantenho distância a partir de agora. Se depender de mim, vai ter que se contentar com sites pornôs. Rá!

sábado, 3 de julho de 2010

De goleada

Vitória dupla:
da Alemanha
contra a Argentina

4x0!


Ponto.

update: voltei só pra repetir o que vi no IG
Maradona caiu de QUATRO!

Pai?

Pra relaxar no assunto família, vou mandar uma pérola do meu querido marido.

Estávamos, nós e a minha enteada, com um casal de brasileiros (Oi Daniela!) num restaurante conversando, quando entramos no assunto Ajuda Social aqui na Alemanha, que é e sempre será polêmico.

Daí que marido lindo vira para a filha que quer vir fazer faculdade aqui e diz:
"Você pode receber ajuda social e nunca ter que trabalhar."
"É?"
"É claro. É só você chegar lá e dizer: 'olhem pra mim, olhem pra mim, eu não consigo fazer NADA!'"
"Pai! Que horrível!"

Todo mundo rindo e eu ainda imendo:
"Fulana, você precisa passar na fila de adoção de novo pra pedir outro pai. Porque com esse não dá!"

Mais risadas.

É. Ela é adotada e deficiente física.

Família é um troço esquisito - V

Porque as ligações para os meus pais ficam cada vez mais curtas:

- E aí, já aprendeu a dizer "Te odeio, te detesto e quero ir para a minha casa" em alemão?
- Oi?
- É bom aprender, ué?
- ...

Eu sei que eu não devia. Eu sei que não posso permitir. Eu sei que eu sou muito sensível para essas coisas. E eu sei que vocês vão dizer que é uma forma de saudade. Mas, ó, parem por aí, viu? rs

Pois, essas coisas incomodam. É da minha vida que estão falando.

Parece que torcem para eu quebrar a cara! Ou pra levar um pé na bunda! Ou que estou aqui por causa de outro e não por mim! Ou que sou só uma coisa, um objeto! Ou... Ahhhh! Parei com isso!

Danem-se! É a minha vida, as minhas escolhas! Pronto, desabafei.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Eu sei que eu vou apanhar

Eu também sei que já falei disso aqui.

Mas, será que a temperatura não pode permanecer amena, assim, tipo, uns 24 graus?

Por que tem que ser quente e abafado?

Por que a minha pressão tem que baixar a níveis de eu ficar suando frio e tonta o dia inteiro?

Por que eu não consigo me adaptar às altas temperaturas?

Por que é que eu estou com saudade do inverno?

Eu sei que a cidade fica linda de morrer no verão.

Eu sei que eu vou fazer uma viagem maravilhosa em algumas semanas.

Eu sei que vocês estão loucas agora querendo me bater, porque esperaram ansiosamente esse verão.

Mas, eu não quero sofrer com essas temperaturas, não!!!!!!

Eu comprei um ventilador. Ele fica a noite toda ligado, EM CIMA de mim.

Final de semana está prometendo acima de 30 graus.

Eu vou pra Sibéria! Pronto!

P.S. Nenhuma palavra sobre o jogo, meu coração não aguenta mais.

Você percebe que está adaptada quando

consegue cortar pão alemão com destreza.

O pão alemão, muitas vezes, é cascudo.
http://www.receitastipicas.com/arquivos/receitas/edd3cf51ed0d8954b4c1488a82ae501b.jpg

No início, eu não conseguia nem atravessar a casca. Fraca, podem dizer. A faca também não era das melhores.

Agora, além de uma faca apropriada, as fatias saem certinhas e perfeitas.

E, como toda mulher que se preza, eu fico chateada quando encontro o pão torto e mal cortado. Porque, se não foi eu quem cortou, imaginem quem foi?

Vai entender!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Hein?

Estou eu, linda, loira e serelepe, olhando pela janela do meu escritório quando passa uma aprendiz de piriguete por ela.

Minha janela tem umas cortinas transparentes que impedem a visão de quem está fora.

A mulher para na frente da minha janela, no meio da calçada, joga os cabelos pra frente, curvando o corpo e começa a sacudir os cabelos com os dedos da raiz para as pontas. Sabe esses movimentos para fazer volume no cabelo? Pois é. Esse aí mesmo.

Eu na luta pra diminuir o volume do meu e a mulher pagando esse mico na frente da minha janela.

Ela deve ter avistado alguém muito interessante para impressionar, só pode.

Visão do inferno! Pra onde vocês acham que a bunda dela virou? Hahahaha