domingo, 30 de outubro de 2011

Alemães e futebol

Na época da Copa, escrevi um post sobre a vibração dos alemães.

Hoje, vou contar um pouco do modo peculiar que eles "torcem".

Marido é marciano hannoveriano (nao me perguntem porque "ano" ao invés de "ense") e desde sempre torceu para o Hannover 96. Quando estava no Brasil, acompanhava os resultados pela internet e agora, aqui, assiste aos jogos na TV.

Daí que o time dele está lá jogando e faz um gol. Ele vibra. Torrrrrr! (gol, em alemão) Daqui a pouco o time dele faz outro gol. Ele vibra novamente. Aí, depois de um tempo, ele diz:

- Agora bem que o outro time podia fazer um gol para o jogo ficar mais interessante.

Quê?

Ou, então, o time (que pode ser a seleção alemã ou qualquer outro time simpatizante) está jogando mal. Ele fala:
- Não está merecendo ganhar, não. Esse gol não foi merecido.

Oi?

Aí, o jogo acaba. Os técnicos de ambos os times dão entrevistas e os jogadores também. Qual o discurso deles? O mesmo.

Sério.

Time ganhou o jogo, mas não jogou bem. O time adversário mereceu o gol que fez. Cometemos muitos erros e...

Dias atrás, assisti ao resume de um jogo entre Dortmund e Köln, que é o time do gato do Podolski. Dortmund ganhou de 5 a 0. CINCO! a ZERO! A torcida do Köln no final do jogo estava como? Vibrando junto com o Dortmund.

Gente, sério, vocês conseguem imaginar isso no Brasil?

Porque, pelo pouco que entendo de futebol, brasileiro quer que o time dele ganhe e pronto. E qualquer resultado diferente disso, o juiz que é FDP, né não?

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Conselheira, eu?

Aí, estava eu, linda, loira e serelepe no supermercado, em frente às minhas prateleiras preferidas (depois das de chocolate, é claro) de maquiagem. Mas, olha, eu não compro, eu só olho, porque falta na minha vida uma Karine pra me dar dicas quentíssimas e me ensinar o quê e como usar. Tutorial? Minha filha, o que falta aqui é talento pra coisa. Eu sei usar, no máximo, batom e lápis. Pronto, acabaram-se os dotes. Enfim...

Eu sei que eu estava lá, criando coragem pra comprar umas sombras coloridas. No momento, estava só namorando mesmo, tentando imaginar se eu não ia ficar com cara de palhaça, quando se aproxima um senhor de mim. Sei lá, devia ter mais de 60 anos.

Já chegou me perguntando:
- Eu poderia contar com a sua ajuda?
Eu, me sentindo A consultora:
- Claro!
- Você saberia me dizer o que comprar para uma menina de sete anos que está começando a se interessar por maquiagem?

E eu, cá com meus botões: "Meu Senhor, o senhor quer comprar maquiagem pra uma menina de sete anos? Vamos lá na seção infantil?"
Mas, na verdade só falei:
- Eu compraria esse gloss aqui que tem gosto de fruta.

Ai, gente, como sou inocente, né?

Ele pega um conjunto de sombras com azul e amarelo misturados e diz:
- E isso aqui pra colorir?

Fofo, o rosto da menina não é um livro de colorir, tá?
- O senhor pode comprar. Mas, ainda levaria o gloss.

Gente, eu sou careta? Porque o cara me cortou depois dessa.
- Err... obrigado, então. Vou me consultar com um vendedor...

Viu? Falta talento até para indicar alguma coisa.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O que eu aprendi morando na Alemanha

Andei pensando esses dias o que mudou, aprendi ou passei a fazer desde que estou morando em Berlin. De momento, surgiram algumas coisas na minha cabeça. Na verdade, eu já havia escrito alguma coisa parecida tempos atrás, mas acho que agora posso falar com mais certeza que antes. ;)
  1. Aprendi a olhar a previsão do tempo antes de sair de casa.
  2. Aprendi o conceito de "vestir-se como uma cebola": cheia de camadas.
  3. Desaprendi a comer feijão e arroz todo dia.
  4. Aprendi a não me preocupar se ouço uma pessoa se aproximando atrás de mim.
  5. Aprendi a olhar horários e opções de transporte quando quero ir a algum lugar.
  6. Aprendi a pegar o "troco" de um centavo de volta.
  7. Acostumei-me com a educação dos cachorros.
  8. Mas, me assusto com a falta de educação das crianças.
  9. Aprendi que os mais velhos, às vezes, não se sentem tão mais velhos assim.
  10. E o que os jovens são os mesmos jovens que encontramos em todo lugar no mundo.
  11. Parei de calcular as coisas em R$ e passei a pensar em euros. O que não me impede de trocar as moedas de vez em quando.
  12. Aprendi que o período de vendas no verão dura um mês. No inverno, já começou. ;)
  13. Aprendi que o Natal é gordo, a primavera é regime, o verão, curtição e o outono, introspecção.
  14. Aprendi que os alemães são educados e gentis quando querem.
  15. E que os turcos ganham em simpatia.
  16. Mas, que os alemães continuam sendo muito mais discretos.
  17. Aprendi que em todo lugar tem brasileiro.
  18. Aprendi que, mesmo que insistam, não há grande diferença na pronúncia de Tochter (filha) e Torte (torta), tem é alemão que é chato mesmo.
  19. Aprendi que eu aprendo e apreendo rápido.
Só falta mesmo o resto. ;)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Os pecados do Natal

Natal? Mas, já?

Façam o favor, então, de dizerem nas lojas que ainda não é tempo de encher prateleiras de doces e guloseimas natalinas? Obrigada!

Porque, meu Senhor, o que mais tem nas lojas hoje em dia são doces e guloseimas natalinas. Coisas cheias de chocolate e açúcar. Cheias de calorias. Cheias de ingredientes que a gente adora. Mas, que finge passar longe.

Gente, sério! Não dá pra passar batido pela seção de doces e guloseimas natalinas num supermercado. Detalhe é quando seu marido não coopera. É o tempo que mais se vende e compra doces por aqui. A variedade é gigante. Tem doces e guloseimas que só existem nessa época, porque a temperatura ajuda a conservá-las. Imaginem aí um chocolate cheio de licor dentro, no verão? Não dá, né?

Eu me pergunto porque tem que ser assim? Porque precisamos passar por toda essa provação? Será que é para sermos bonzinhos e ganharmos presente do Papai Noel?

Assim não dá mesmo. Não é possível.

Fiquem longe de mim, doces e guloseimas gostosas, cheias de chocolate, açúcar e calorias do Natal!

P.S. Aí pra ajudar, vem a Bruna e publica isso. Pô!

sábado, 22 de outubro de 2011

A fogueira que eu pulei

Seguinte, meu povo:

Mais ou menos final de junho, início de julho, percebi uma mancha vermelha no meu braço esquerdo. Como eu tinha, praticamente, acabado de chegar de uma viagem, pensei que fosse queimadura de sol. Era na dobra do cotovelo, grande, mas deixei pra lá.

Aí, percebi outras manchinhas nas panturrilhas, que eu pensava também serem por exposição ao sol. Era verão e estava indo com frequência a parques e gente branquela (oi?) tem a pele muito sensível.

O tempo foi passando e as manchas não sumiam. Até que eu percebi que, não só elas não sumiam como cresciam (aumentavam de tamanho) também. E pioravam quando eu tomava banho (acho que a água quente deixava a pele mais sensível).

Aí eu procurava razões para essas manchas aparecerem. Como não coçavam, nem ardiam, relacionei a stress. Eu tinha esquecido que a do braço tinha surgido no verão, e achava que as manchas, já elevadas à categoria "placas", eram provocadas pelo nível de stress que eu estava tendo no estágio.

Foi quando o estágio acabou, eu relaxei, mas as manchas não sumiram. Pior, surgiu da noite para o dia uma no joelho que começava a crescer rapidamente. As manchas tinham se espalhado nas pernas e nos braços apenas. Tinha dias que estavam mais escuras, outros mais claras.

Decidi ir a uma dermatologista para ver o que era. Cheguei lá, mostrei as manchas e ela mandou eu tirar a roupa. Dois minutos de análise e ela disse: carrapato. Eu disse que não podia ser, que não me lembrava de ter sido mordida por nenhum carrapato. Aí, ela disse que poderia ter um período de incubação de até seis meses. Voltei seis meses na memória desde que a primeira mancha apareceu e aonde eu estava? Brasil.

Não me lembro de nenhum encontro fortuito (ui!) com um carrapato nesse período. E nem sei se foi lá também. Porque, aqui na Alemanha tem carrapatos e quando se deita em gramas de parques frequentados por cachorros, você está exposto a essa probabilidade. Atenção, muita atenção!

Eu sei que eu passei 20 dias tomando um antibiótico bem forte, que acabou com o meu estômago no período e eu não poderia tomar sol, para não tornar as manchas permanentes na pele.

Agora, elas sumiram (algumas ainda estão no processo). Contudo, vocês devem estar se perguntando qual a relação do carrapato com as manchas, né? E mais ainda: que fogueira foi essa que eu disse ter pulado?

Simples, o carrapato (que sumiu no dia seguinte, sem deixar nome e telefone, já que eu estava tão bêbada para não me lembrar desse encontro) me transmitiu uma bactéria, que, por consequência, provocou as manchas na minha pele. Que, se não identificadas e tratadas devidamente, poderiam resultar em sequelas muito piores, como miningite, problemas neurológicos (alucinações e dores de cabeça incluídos), cardiácos e artrite.

Eu fui diagnosticada com a Doença de Lyme ou, em alemão, Borreliose. Eu dei muita sorte, pois, do período que as manchas começarama a aparecer até eu ir ao médico já tinham se passado três meses. Não recomendo que façam o que eu fiz.

Além da "sorte" que eu tive em ter tido as manchas. Poderia logo passar para os sintomas seguintes, né?

Então, meu povo, atenção aos matos que vocês andam deitando, hein? ;)

P.S. Eu só estou contando pra servir de informação, tá? E esperei ficar curada pra não matar ninguém de angústia também. De nada!

P.S. do P.S. Dá licença que vou ali botar o unicórnio azul pra fora, pois ele anda discutindo muito com a fadinha do jardim. =P

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Leste e oeste

O post da Ingrid me animou a escrever sobre o tema. Na verdade, não esperem nenhuma análise história-política-econômica porque daqui não sai nada. O que posso dizer, sobre o meu ponto de vista é: o muro ainda existe sim, como notou a Ingrid. Pelo menos, na cabeça das pessoas.

Saindo nas ruas de Berlin, convivendo e vivendo o ritmo da cidade, consigo perceber e distinguir quem é que mora no leste e quem é que mora no oeste. Sim, tem diferença, seja na moda, no corte de cabelo e até na forma como se comportam.

O oeste é mais cosmopolita. As pessoas são mais jovens e modernas... No leste, até o corpo fala, se é que vocês me entendem. São pessoas mais simples, também mais conservadoras. E mais pobres. A maioria do Hartz VI mora por lá. As pessoas mais velhas também.

Verdade que alguns bairros do leste ou que eram próximos ao leste, como Prenzlauer Berg, estão ficando cult, chiques. Porque, os prédios foram reformados e ficaram mais bonitos, porque o aluguel é mais barato já que pessoal do leste não tem muito dinheiro... Aí, acontece uma migração de jovens casais e mesmo de estrangeiros que querem ter acesso a esses benefícios.

Na ONG em que fiz trabalho voluntário ano passado, tinha um cara que morava em Marzahn, o bairro mais legitimamente DDR de Berlin. Ele se mudou para o Wedding, bairro com maior número de estrangeiros de Berlin. Ele teve (e pode ser que ainda tenha) sérios problemas para se adaptar. Em Marzahn não há tantos estrangeiros assim, a vida é mais de cidade pequena.

Uma vez, ele me disse que sentia falta da DDR. Eu posso entender. Naquela época, ele tinha um emprego. Hoje, sua profissão não existe mais. Naquela época, as pessoas não precisavam tomar decisões complexas. O estado fazia por elas. E "na cidade grande", é cada um por si. O socialismo dava esse conforto.

Eu moro pertinho do memorial do muro, na Bernauerstr. E há tantas histórias de pessoas que queriam fugir, de pessoas que morreram tentando... É uma lista bem grande de vítimas. Mas, ainda assim, há as diferenças. São 20 anos apenas. Não dá nem uma geração ainda.

Será que um dia fica tudo "igual" mesmo? Afinal, sempre vão existir os "saudosistas".

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Explicações - n. 2

Às vezes, penso que escrever no blog é me expor demais. Penso que falo muita besteira por aqui e queria ser mais séria. Ou mesmo que deveria acabar com o blog, porque já deu o que tinha que dar, etc etc etc.

Mas, aí, escrevo textos como o de ontem e vêm pessoas aqui e deixam palavras tão gentis e encorajadoras. Pessoas que nunca nem me viram, mas que, por algum motivo, se identificam comigo.

Eu recebi três emails. Parece pouco, né? Só três emails. Pfff... Olha, te dizer, foram emails tão cheios de carinho e, porque não dizer, cumplicidade, que eu fico pensando no poder da internet.

Meu ânimo mudou. E não é só por saber que não estou sozinha no barco. É por estarmos todos remando na mesma direção. Ou tentando chegar à mesma praia, à mesma ilha, ao mesmo paraíso...

Volto novamente àquele texto de meses atrás. Volto a este aqui. Este outro também. E lembro que eu criei o blog pra mim, pra retratar momentos e avanços. Ele serve a seu propósito.

Eu acho que eu nunca contei que voltei a fazer curso de inglês, né? Não me lembro. Então, estou fazendo aulas particulares com uma professora brasileira, uma vez por semana. Como atividade para a aula dessa semana, que foi hoje, assisti Eat, pray and love. Eu me senti realizada ao ver o filme. Tanto porque entendi uns 80% (com muita modéstia) dos diálogos, como porque têm coisas que acontecem quando têm que acontecer mesmo. O filme sobre uma mulher que quer se "reencontrar" para poder recomeçar. A aula girou em cima do filme, do tema e do que fazemos para nós mesmos. O que eu mereço ganhar da vida? Qual a palavra que me define?

Momentos de reflexões necessárias, que me mostram que, ops, vamos frear um pouquinho? Só tem um mês que você está desempregada. E daí? E se for mais um mês e outro e outro? Vai enlouquecer? Vai sair correndo nua, pelada e sem roupa pelas ruas? (Oi, Bruna!)

Já que está em casa, como disse a Helen nos comentários, vamos lá redirecionar a energia?

Aí minha professora linda de inglês, que virou amiga em tão pouco tempo (na verdade, já era antes de ser a profa.), diz que nós somos "gurus" de nós mesmos. Não temos que buscar a força em outros, mas sim em nós. Eu também acredito nisso. Mas, tem conselhos que precisam ser ouvidos. Tem momentos que precisam ser vividos.

Eu não estou "curada". Meus problemas não se resolveram de um dia pro outro. Contudo, posso dizer que mudei a direção dos meus pensamentos. Se ficar em casa me faz mal, não vou mais ficar em casa. Vou continuar procurando meu emprego, claro. Eu quero, eu preciso dele. Mas, não vou morrer se ele não aparecer agora. Aceitei o que eu já sabia: tudo acontece no seu tempo, além de não ser por acaso.

Assim, a vida segue. Eu sigo. Nós seguimos. Sempre em frente, já que não temos super-poderes para que seja "para o alto e avante".

Obrigada. De coração.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Explicações

Ando muito desanimada. Sim, sra! Desanimada.
Ficar em casa, procurando emprego, escrevendo carta de motivação e não achar muita coisa interessante tem me deixado desanimada. Pra escrever, pra cuidar da casa (Oi? Quem disse que eu gosto de ser dona de casa?), pra estudar alemão, pra comentar nos blogs, pra ficar na net...
Sentiu a empolgação, né?
Tá brabo.
E quanto mais eu fico em casa, mas a coisa piora.
Tem uns textos programados aqui e outros na minha cabeça. É isso que está salvando no momento. Só.
De resto, estou tentando fingir que está tudo lindo, que está tudo bem.
Deveria estar, né? Afinal, emprego é uma coisa que leva tempo pra achar mesmo. Mas, quem disse que eu tenho paciência?
Eu não deveria reclamar. Mas, quem disse que a ideia de ficar ainda mais um tempo desempregada me alegra?
Pois então.
Assim, fica difícil.
Então, vão desculpando aí qualquer coisa. ;)

Óia só o tamanho do meu ânimo, óia:
forgifs.com

domingo, 16 de outubro de 2011

Pagando mico sonhando em alemão

Eu sei, eu já sonhei em alemão algumas vezes. Mas, gente, eu nunca tinha levado uma bronca num sonho por causa do alemão (a língua).

Não lembro mais direito o roteiro do filme sonho, só lembro da bronca mesmo. ;)

Estava conversando com um casal, em alemão, que eu não lembro de já ter visto na vida e, por isso mesmo, não entendo como entrou no meu sonho. O_o Conversávamos sobre não sei o quê, quando o senhor vira pra mim, com-ple-ta-men-te alterado e diz:

- Será que você pode parar de dizer "Uhn? Ahn?" quando não entende alguma coisa? É mais correto dizer: "Können Sie es bitte wiederholen?" (O Senhor pode repetir?)

Eu, toda sem graça:
- Mas, eu não falo "Uhn? Ahn?", eu falo "Wie bitte?" (Como, por favor?) pra mostrar que não entendi.

- Eu nunca ouvi você falando assim. Você deveria se comportar melhor. ;-(

E sei lá mais como o sonho continua, só lembro dessa parte. De cabeça baixa, pedindo desculpas pela minha existência. Sério, levei bronca de um povo que nunca vi, num sonho e me senti um cocô. Hahahahaha
Ai, que vergonha...

Acordei traumatizada.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

22 de maio de 1944, bombardeio em Dortmund

"Eu desci as escadas para o porão e perguntei por você. Disseram-me que você, talvez, estivesse na Wenckerstrasse para ajudar o seu irmão. Eu corri até lá, gritei sempre "Hetti, Hetti" e te encontrei, finalmente, em um porão.

Você esteve completamente envolvida no trabalho de resgate. Quando alguém precisava, uma grande força surgia de você (...). Depois disso, você receberia, em reconhecimento pelo seu sacrifício, a 'Kriegsverdienstkreuz mit Schwertern' (honra ao mérito), uma condecoração que só soldados jogados em campos de batalha e que, raramente, voltavam ao lar, recebiam. Em Dortmund, você foi uma das sete mulheres que a recebeu. Você deveria estar orgulhosa disso. Mas no trabalho de resgate, você exigiu demais de si mesma, e quando, de repente, uma estaca em chamas caiu sobre o seu ombro, seus nervos desabaram. Te levaram a um porão, aonde te encontrei. Apesar do seu lastimável estado, estava feliz por você ainda viver.

(...) Para você se acalmar, recitei para você a bela poesia de Storm (Theodor):

Fecha-me os olhos
com as mãos amadas,
Tudo o que eu sofro
Vai para debaixo das suas mãos em paz

E como a dor,
onda a onda, se acalma,
como o agito da última batida,
você enche todo o meu coração."

Realmente, você se acalmou..."

(Relato do sogro para a sogra, sobre os primeiros anos juntos, escrito em dezembro de 1967. Toscamente traduzido por mim.)

Essa força, esse amor e essa dedicação foram passados de pais para filho. Obrigada por me permitir desfrutar tudo isso nesses oito anos que estamos juntos.

Sim, é hoje.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Parece criança!

Sei lá, a pessoa viaja de carro e pra parecer mais ainda uma criança, só falta perguntar 34781249 vezes: "Já chegou?".

Por que, né? Em viagens longas, a pessoa, além de pensar, resolve contar quantos animais silvestres (porque se fosse contar vaca, né? tudo tem limite na vida!) ela encontra nas paisagens.

Saldo:
39 veados (uma mãe e um filhote passaram em frente ao nosso carro "pela estrada a fora eu vou bem sozinho...")
1 alce
2 corujas
3 águias/gaviões/seiláoqueera

Oi? Eu nunca disse que era normal.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lüneburg, o post extra

Quando escrevi sobre a viagem, disse que Lünenburg precisava de um post só pra ela. Pois é...

Daí que entramos na cidade, sabendo que íamos encontrar um lugar bonito. Só não sabíamos que seria tão bonito quanto pensávamos e até queríamos dormir lá.

Como a gente não tinha planejado, não achamos quarto na cidade. Os hotéis estavam lotados. Cansados, decidimos procurar um lugar pra sentar, tomar um café e seguir viagem. (Nota mental: nunca, jamais, em tempo algum, peça café numa cidade alemã, se está acostumado com o café forte do Brasil. Peça expresso ou capuccino.)

Andando pelo centro da cidade, encontramos um café. Aliás, foi marido que viu: "Olha lá, Café Brasil!" Sim, Brasil com "s" e não com "z". Pensei logo "Uhuuuu, estou em casa!".

Entramos e marido fez o pedido em alemão. Eu fiquei olhando pro atendente e me perguntando de que lugar do Brasil ele poderia ser, tinha cara de gaúcho ou catarinense... Sei lá... E fiquei encucada, já que ele estava falando em alemão com marido.

Aí, na cara dura que Deus me empresta de vez em quando, toda loira, linda e serelepe, perguntei em português: "Você é brasileiro?". Aí² ele me olha do mesmo jeito que eu olho quando alguém fala em dialeto alemão comigo: sem entender porra nenhuma!

Marido explica que a gente pensou que ele era brasileiro e aí ele fala:
- Meu colega ali entende português.(Acho que ele pensou que estávamos procurando alguém que falasse português)

Fui lá falar com o colega dele. Era espanhol. Quê?

Tá, peraí, o nome do lugar é Café BraSil, o atendente é alemão e outro espanhol? Gente, cadê a originalidade desse povo??? Ou sou eu que estou mal acostumada com os cafés e restaurantes brasileiros de Berlin que são legítimos de fábrica?

Posso classificar como propaganda enganosa? Humpf!

Update: Povo, eu tinha escrito Lünenburg e está errado. A Bruna me alertou. Então, eu estive em LÜNEBURG, sem "n". Obrigada, Bruna.

sábado, 8 de outubro de 2011

De volta ao lar

Como vocês sabem, estava ali fazendo a social. E, além disso, marido queria me apresentar um pedaço do país que nem ele conhecia, Ostsee (conhecido por nós como o Mar Báltico). Como alemão, ele quer porque quer me convencer que aqui tem praias bonitas. Ainda mais depois do desastre que foi o Nordsee. ;)

Antes de falar da viagem em si, tenho que dizer que foram ótimos dias pra mim. Realmente, precisava sair do meu casulo, sair de casa e ver paisagens diferentes. Viagens, para mim, sempre servem como tempo de reflexão, olhando paisagem e pensando, refletindo. Ideias antigas que tinha, foram amadurecidas. Ideias novas surgiram, como inspiração. E voltei pra casa com algumas atividades anotadas, como tirar o blá-blá-blá do meu currículo e me concentrar em fatos! A semana que começa promete ser cheia.

Primeira parada foi Osnabrück, na casa da cunhada. Visitamos também o sobrinho de marido que tem dois lindos anjinhos que adoro (a mais pura verdade) e que já foram tema aqui também.

A cidade tem um comércio bem legal, aonde não passam carros, o que dá um conforto bacana pra fazer compras. Como eu tinha algumas pendências de inverno pra resolver, como comprar meias e a C&A estava em promoção (oi, me chamem de pobre, beijos!), fiz comprinhas também.

De lá (quarta-feira), saímos em direção a Rügen, uma ilha no Ostsee. Como a viagem era longa, pernoitamos numa cidadezinha fofinha, mas antes passamos em Lüneburg (que merece um post à parte...), ficamos lá só um tiquinho. Mas, achei tão bonitinha que voltaria lá novamente.

Aí, chegamos perto de Rügen no dia seguinte, com muita chuva. Chuva de acabar com o mundo, de você estar dirigindo e não conseguir ver a estrada.... Desanimamos, pensando que o tempo todo seria assim... Fomos direto para um hotel, em Stralsund e ficamos pela cidade que, apesar de bonita, não era interessante. Stralsund é a última cidade do continente antes da ilha, a ponte que leva até lá tem 3km.

Maaaas, a sexta-feira foi bem bacana, com sol e céu azul. O que não foi bacana foi a temperatura: 7 graus. Saímos do hotel cedo pra aproveitar o dia, já que não sabíamos o quanto de "tempo bom" teríamos. Aí, agora vou deixar de falação e vou de fotos, que é melhor, né?

Rügen é bonita, tem muita área verde, de florestas, parques nacionais e as cidades tem cara de cidades de seriado de TV antigo.
A praia se resume a pedras e água. Mas, achei bonitinha... rs
Não se deixem enganar pelo céu azul. Estava muito frio, hein?

Saindo de lá, fomos para Usedom, outra ilha do Ostsee. Aí, sim, eu posso dizer que estava numa praia de verdade. Claro, sem coqueiros.
FKK Strand significa praia reservada pra NUDISMO!!

Essas praias bombam no verão, não só as de nudismo, viu? ;)

Em resumo, gostei do que vi e acho que voltaria quando o tempo tivesse um pouco mais quente. Marido quase me convenceu de que, sim, são bonitas.

Tem tanta coisa legal pra se fazer, como caminhadas e passeios, e eu não fiz porque estava ventando muuuito. E, olha, eu posso até aguentar o frio, mas, não me peçam pra suportar o vento, que, meu Deus!, não dá! Não dá!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Que tempo é este?

Meu povo, tem mais de duas semanas que tem feito dias lindos por aqui. Céu azuil, temperaturas amenas (em torno de 20 graus a média), alguns dias, até calor. Final de semana chegamos a 25 graus! Uhuuuu!

Está parecendo que, ao invés de outono, entramos na primavera e o verão vai recomeçar. Verão esse ano foi mixuruca, sem graça, com muita chuva e tempo feio. Outono, nossa! Tá lindo dimais da conta, sô!

E alemão é bicho esquisito esperto, não pode ver um solzinho, um calorzinho, que se joga no primeiro mato parque que vê, uma toalhinha no chão, abre um livro e pronto: tarde perfeita. Cenário de primavera. O povo se apega ao sol de um jeito, que quando ele some, ficam deprê. Claro, né? Próximos meses o sol não será tão amigo assim.

Vou aproveitar as férias "forçadas" e ficar um tempo em stand by. Ando precisando.

O sumiço é por uma boa causa também: visitar familiares e amigos. Fazendo a social total, hein? rs

Eu volto.

Beijos!  

Pedido: eu não vou ativar a moderação de comentários. Vocês tomam conta pra mim? Obrigada! ;)

sábado, 1 de outubro de 2011

Trollando neonazis

Daí que 600 pessoas foram a um concerto de rock para "neonazis", né? Lá em Gera, Thüringen, semanas atrás.
Daí que eles receberam 250 camisetas "digratis" na festa.
Daí que eles levaram essas camisas para casa e, os mais higiênicos (hohoho), lavaram a peça.
Então... SURPRESAAA!

A tinta da camiseta saiu e revelou uma nova figura. O que era "Hardcore Rebellen - National und Frei", virou "Was dein T-Shirt kann, kannst du auch." (O que sua camiseta pode, você pode também). Ou seja, eles podem mudar, se quiserem.

Arrisco a dizer que foi o "golpe do século".

A trollagem master veio de uma ONG/movimento destinada a ajudar pessoas a sairem de grupos neonazistas. Porque sim, existem aqueles que não querem mais ser, mas que fazem parte por serem obrigados. É um jovem que nasceu numa família que já fazia parte de partidos e instituições neonazi. Ou uma pessoa forçada a entrar no grupo como forma de mostrar lealdade ou amor a alguém. Ou mesmo, alguém que entrou por acreditar nos "princípios e ideais" do grupo, mas descobriu que, ou é diferente do que imaginava, ou mudou de opinião com o passar do tempo (ai, as várias formas de rebeldia...).

Todo mundo tem direito a uma segunda chance. É difícil tomar uma decisão dessa, é difícil virar para os seus pais e dizer que não é essa a vida que você quer viver. É difícil sair de uma gangue. É difícil para nós, pessoas "normais", pararmos para tentar entender uma pessoa numa situação dessas. Por isso, essa iniciativa existe.

Bild: (c) exit-deutschland.de
Eu aprovei a trollagem. ;)

Mais aqui, em alemão.

P.S. O que eu chamo de neonazis, eles chamam de "extrema direita". Dificilmente se falaria nazi...