sexta-feira, 31 de maio de 2013

Meu sotaque me condena...

Entro no elevador e uma senhora me pergunta se já havia chegado no térreo. Eu respondo que não, que ainda estávamos no quinto andar.

- Você é de onde? - ela me pergunta.
- Sou de Berlin.
- Ah, mas você não é uma berlinense de verdade, né?
- Sou brasileira. - disse sorrindo.
- Eu ainda não tive a oportunidade de conhecer o Brasil.
Notem, por favor, o "ainda". Tão velhinha que usava um andador.
- É um país bonito. - puxei a brasa pro meu lado.
- Eu perguntei porque sou muito curiosa. Percebi no seu sotaque. - e deu um sorriso maroto.

A pessoa responde: "estamos no quinto andar" e a outra percebe que você não é desse planeta país.

A conversa foi fofa, pelo menos.

domingo, 26 de maio de 2013

Gentileza

Marido já veio me visitar duas vezes. Toda vez que ele vem, a gente vai pra um bar que descobrimos na cidadezinha. É o bar local, aonde se encontram os amigos e a cerveja custa 1,20, um prato custa a partir de 4,50. Pois é. Interior.

E eu percebi um hábito maravilhoso dos locais. Eles entram no bar e cumprimentam mesa por mesa, batendo nela, fazendo um "toc toc". Eu nunca vi isso em lugar nenhum. Fiquei muito surpresa. Achei de uma gentileza tão grande.

Não é uma coisa que eles fazem só com os conhecidos, nem com uma mesa só. Eles fazem em todas as mesas por onde eles passam, fizeram na nossa mesa. Jovens, adultos e mais velhos. Entravam no bar e nos cumprimentavam. Saíam, nos cumprimentavam.

E eu lá, com um sorriso mais besta na cara, achando o máximo a forma que eles criaram de dizer: "oi, eu te vi, você existe pra mim." Tá, ok, foi assim que eu interpretei.

Na hora de sair, fizemos o mesmo, batemos na mesa no nosso caminho e o pessoal lá sentado sorriu pra gente de volta.

Um ato simples, uma lição pra mim.

Marido disse que isso não é coisa só da cidade, que é da região. Alguém que já passou por isso pode confirmar? Estou numa cidadezinha entre Weimar e Jena.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A amiguinha daqui



Era domingo e estava passeando no parque da cidade que é uma graça. Sentada em um banco estava a senhorinha que sorria pra mim, talvez por me reconhecer do "spa". Sorri de volta e continuei o passeio. Estava um dia lindo.

Depois de mais uma duas voltas, comprei um sorvete e resolvi sentar ao lado dela e puxar conversa. Ela estava com o celular na mão e fala assim:
- Estou aqui com meu Smartphone, no whatsapp com meu neto.
- O.o
- É, minha filha que me deu. Eu achava que não ia aprender, mas aprendi.
E o celular vibra.
- Oba, deve ser meu neto me respondendo. Ah, não, é um email. Peraí que vou ler.
- O.o

Minha cara, né?

Minutos depois chega um casal de velhinhos. Velhinhos mesmo. Sentam ao nosso lado e começam a conversar com a senhorinha. E ela começa a falar do que? De celular, internet... A mulher do casal só falava dialeto, eu não entendia patavinas.

Daí minha nova amiguinha vira pra ela e fala:
- Ich habe mit meinem Enkel gechattet. (Algo como: estava conversando no chat com meu neto)
 A velhinha nada diz. Aí a amiguinha:
- Você não tem ideia do é que "chat", né?

Eu juro que eu tentei me segurar, mas não deu. Eu caí na gargalhada. Imaginem a cena e me deem razão, por favor.

Nesse dia, haveria uma "seresta" no parque. Tem todo domingo pra entrenter o povo da cidade e que ficam nas clínicas de reabilitação. A cidade funciona por isso, né? E o que eles fizeram nesse tempo? Fofocaram.

Juro. Nunca vi velhinhos tão fofoqueiros na vida. Vinha uma pessoa de cabelo vermelho e eles: "aff, olha esse cabelo". Passava um rapaz com tatuagem e eles: "vixe, que feio! Deve doer pra fazer." "E olha para aquela lá de sombrinha. Ela não aguenta o sol, não?"



Eu não fofocava junto porque eles eram muito mais rápidos do que eu. Eu só ria, ria, ria... E assim, ficamos amiguinhas e tomamos café todo dia juntas. Hehehe

domingo, 12 de maio de 2013

Sinal de vida: umas rapidinhas (ui ui ui)


- O pessoal aqui fala dialeto. Demorei séculos para me acostumar e evitar crises de gargalhada na frente das pessoas. Lembra um pouco o bávaro, mas é mais engraçado. E eles ainda trocam todas as vogais por "o". Lindo, né? Eu me acabando pra pronunciar ä, ö, ü e eles resolvem trocar tudo por "o".
- A maioria é idoso. E quando não são do interior, são do interior. Povo de Dorf, se é que vocês me entendem.
- No início, por conta dos dois detalhes aí de cima, a comunicãção era restrita a "bom dia" e "bom apetite". Agora, já me meto nas conversas e não quero nem saber. Fiz até uma amiguinha, uma senhora super simpática. Mas, essa merece um post só pra ela. Outro dia.
- Tem um médico aqui que pensa que é galã de novela mexicana. E as senhorinhas suspiram por ele.
- Estou me acabando na musculação. Mesmo. Músculos começam a aparecer no meu corpo. Bem tímidos, claro. Pra quem não sabia o que era músculos há tempos, já dá pro gasto. Por consequência, eles também doem.
- Além da musculação, ainda tem fisioterapia, massagem, hidroginástica, ginástica para as costas, técnicas de relaxamento e o que me dá vontade de fazer nas horas vagas. Ou seja, deitar na cama, morta de cansaço. Porque, óbvio, essas atividades são condensadas no meu dia. Pra quem não aguentava andar mais do que 2 km...
- Eu sei que 5 semanas não operam milagres. Porém, será o empurrão necessário para eu continuar as atividades quando voltar pra casa.
- No mais, a cidade tem 3 mil habitantes, tem um castelinho aqui perto fofinho e o pessoal é simpático. Faço caminhadas no parque na cidade, que é uma graça.

As fotos ficam pra próxima, internet não está colaborando agora. Viu, Rosa? :)


 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Recarregando as baterias

Quem acompanha o blog há um tempo, sabe que 2012 não foi o meu ano mais saudável. Fiquei doente, tive que parar de trabalhar por conta disso, precisei engavetar planos e sonhos, entre outras coisas. Foi um ano pesado.

Esse ano, entrei na fase de recuperação. E, a partir de hoje, depois de muita burocracia, vou passar 5 semanas numa clínica de reabilitação. Calmaê! Não fiquei viciada em remédios, não estou indo me desintoxicar. hahahaha

Estou indo para o que eu poderia relacionar a um Spa. Ficarei essas semanas fazendo muita fisioterapia, atividade física e relaxando, porque ninguém é de ferro. Perdi músculos, estou estressada. Estou indo recuperar o corpo e a mente.

Quero voltar pronta pra enfrentar "a vida real" de novo.

Aí vocês me perguntam: e quem vai pagar a conta? Tirando alguns poucos casos específicos, não tenho do que reclamar do plano de saúde daqui. Foi uma recomendação do próprio plano, que encaminhou o pedido para a previdência alemã e, depois de muitos formulários para lá e pra cá, essa reabilitação foi aprovada e será paga pela previdência.

Depois desse período, serei "julgada" novamente como "capaz de trabalhar" e poderei voltar ao mercado de trabalho com a consciência leve. Não estarei devendo a ninguém, nem ao meu plano, nem à previdência e, principalmente, nem ao meu corpo.

Por isso mesmo, estou fazendo uma pausa por aqui. Primeiros dias, que acho que serão mais difíceis, não acessarei Internet para me concentrar totalmente. Mas, eu volto. Provavelmente, com um monte de micos pra contar. Espero, né?

Desejem-me sorte! Beijos!