quinta-feira, 27 de junho de 2013

Run, Eve, run!

Sexta-feira passada foi o Fête de la Musique (com biquinho francês), um festival de música que começou em Paris anos atrás e se espalhou por aí, chegando até Berlin. São bandas, grupos, artistas que se apresentam nas ruas e em clubes da cidades.

Fomos, né? Estávamos ali em Kreuzberg (bairro), perto de uma estação de metrô. Assistimos, inclusive, um grupo de percussão do Brasil muito bom. Só não me perguntem o nome, esqueci.

Paramos num café pra tomar um espresso e voltarmos pra casa. Estávamos batendo papo, quando uns três carros e quatro motos da polícia aparecem e começam a passear pela rua. Os carros estacionam, as motos seguem. Por conta do ponto aonde estávamos, deduzimos que fosse uma manifestação. Pois é, aqui, quase todo dia tem uma. :)

E a gente ficou pensando: será que já vem? será que tem muita gente? será que...? Quando marido fala:
- O nosso carro está bem no caminho. Se eles (a polícia) fecharem a rua, não sairemos daqui tão cedo.

Sem que eu protestasse, ele levanta, vai lá dentro pagar a conta do café e volta dizendo:
- A gente tem que chegar no nosso carro antes da polícia. Corre!

A criatura divina do meu marido começa a correr!! O carro estava a uns 500 m de onde nós estávamos. A gente corria, e um policial de moto meio que na mesma velocidade que a gente, seguia na rua. Parecia perseguição, coisa de cinema.

Chegamos ao carro e tínhamos que agir rápido, sair da vaga e partir antes que a rua fosse fechada.

E não é que conseguimos? Sim, era uma manifestação. Na verdade, duas. Uma em cada ponta da rua. Junta isso com o pessoal que estava curtindo o festival. Carnaval é fichinha. =P

Primeira vez que fugi da policia na minha vida.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Curtinha da Imigração

Como contei, estive lá semana passada e entreguei a papelada. Conversa vai, conversa vem, marido tentando manter um clima leve e tal. Eu me limitava a entregar os documentos, mostrar aonde as informações necessárias estavam e pronto. Chega uma hora que a atendente fala:

- Bom, agora eu preciso ouvir um pouco mais da sua mulher falando alemão.

Um claro recado para marido fechar a matraca. :)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Dia do Fico, o meu

Hoje foi o dia de ir ali bater na porta do Ausländerbehörde (Imigraçao) para solicitar novo visto.

Quando casei, recebi logo um visto para os três anos. Como o tempo passa mais que rápido, já tem mais de três anos que estou na terra da Nutella e da batata.

Passados os três anos de moradia na Alemanha e casamento com o meu alemão, tinha direito ao visto de permanência. Meu "Termin" estava agendado desde abril e hoje foi o dia.

Aqui em Berlin, eles pedem o comprovante de participação no curso de integração (ou equivalente, o telc, por ex.), contrato de aluguel, comprovante de renda do requerente e/ou do cônjuge, comprovação do seguro de saúde (apresentar só o cartão serve), uma foto e outros documentos que eles podem pedir na hora.

Como eu tenho muita sorte com o atendimento daqui, a moça foi super simpática e gentil. Depois de 2h, o processo estava finalizado. Tive que pagar a bagatela de 135 óiros e em 6 semanas receberei minha "carteira de identidade". Enquanto ela não chega, tenho uma declaração datada de hoje afirmando que já posso ficar nessa terra ad eternum, caso não volte para o Brasil, claro.

O visto agora é independente do casamento. Marido disse que não tem mais como me chantagear. Mal sabe ele que, a partir de hoje, quem pode chantageá-lo sou eu. Qualquer coisa eu falo: "quer que eu vá embora? Olha que eu vou, hein?"

Até parece... rsrsrs

Próximo passo? Requerer a cidadania alemã, já que não perderei a brasileira. Mas, isso fica pra depois, minha dose de paciência para burocracia já foi esgotada esse mês.

Pois então, se é pro bem de todos e felicidade geral da Alemanha, digam a eles que fico!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Berlin, ontem: Brasil e Turquia

Ontem fomos às ruas de Berlin para, pacificamente, mostrar apoio aos movimentos no Brasil. Éramos cerca de 400 brasileiros e estrangeiros.
Em alemão: "SP: pessoas presas por terem consigo vinagre, contra o efeito das bombas de gás lacrimogênio"

Desde que os movimentos começaram, mesmo tendo começado por "20 centavos" e que não permaneçaram por esse motivo, houve uma escalação, se espalharam pelo Brasil e pelo mundo. Ficou mais forte. 20 centavos foram só a gota d`água.

Como explica esse trecho da fala do sociólogo espanhol Manuel Castells: Todos estes movimentos, como todos os movimentos sociais na história, são principalmente emocionais, não são pontualmente indicativos. Em São Paulo, não é sobre o transporte. Em algum momento, há um fato que traz à tona uma indignação maior. Por isso, meu livro se chama REDES de indignação e de esperança. O fato provoca a indignação e, então, ao sentirem a possibilidade de estarem juntos, ao sentirem que muitos que pensam o mesmo fora do quadro institucional, surge a esperança de fazer algo diferente. O quê? Não se sabe, mas seguramente não é o que está aí. Porque, fundamentalmente, os cidadãos do mundo não se sentem representados pelas instituições democráticas. Não é a velha história da democracia real, não.

Aqui na Alemanha, a polícia esteve nas ruas para garantir o nosso direito de nos manifestarmos, fechando as ruas e controlando o trânsito. Na foto a seguir, vocês veem o porta-voz da polícia. Era com ele que os organizadores conversavam. Os policiais eram meros coadjuvantes.
Aí você vai dizer: "ahhh, mas no Brasil teve vandalismo". Pode até ser. Mas, não justifica a violência e a opressão contra todo uma massa de manifestantes. Pega o vândalo e leva embora. Deixa que o povo se manifeste. Se organize. Não aja com desespero. Tenha preparo profissional.

Eu vi um vídeo de uma família sendo atacada em sua própria varanda, no 7° andar do prédio, por estar filmando. O que é isso? Ditadura? Censura? Tem alguma coisa errada aí. E não podemos permitir que o Estado tome conta das nossas vidas, nos tire os direitos de liberdade de expressão e de ir e vir.

E o que eu tenho a ver com isso tudo daqui da Alemanha? Eu sou brasileira. E sinto-me orgulhosa de que agora o povo está nas ruas, enfrentando a polícia e o descaso do Estado. Uma vez que nos manifestamos aqui e mostramos como o Estado daqui nos trata, pode, além de aumentar a força do movimento, mostrar para os governantes como é mesmo que se faz democracia!

Utopia? Quem sabe. Mas, eu vou colocar a cabeça no travesseiro sabendo que eu fiz minha parte. Não vou parar. Não estarei mais nas ruas, mas meu grito vai muito mais além. Eu tenho a Internet. Você também. Espalhe a esperança de dias melhores.

P.S. Outro ponto alto das manifestações de ontem em Berlin: os turcos se juntaram a nós!! E nós a eles.
Em alemão: "Taksim é em todo lugar. Em todo lugar há resitência"

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ainda é diferente

Dias atrás, estava no metrô (estava demorando com mais casos de metrô, né?), em pé, quando entra uma alemã de meia idade, um menino no carrinho se esbaldando na maçã, acho que nem tinha dois anos ainda e uma menina de uns 5 ou 6 anos. O menininho era a coisa mais linda. Ela, como estava com o carrinho, ficou em pé ao lado da porta, a menina senta.

Ao meu lado, uns três pré-adolescentes sentados. Eles estavam conversando sobre sei lá o quê. Passa-se uma ou duas estações e a mulher fala para a menina que se preparasse que já iam descer.

Enquanto isso, os pré-adolescentes conversavam entre si, um cutucando o outro e dando risadinhas, quando o mais corajoso de todos se dirige à mulher:
- Desculpa...
- Pois não?
- Esse menino é seu filho?
Ela ri sem graça e responde:
- Sim, ele é meu filho. A menina também.

Saem do metrô.

O mais corajoso vira para os outros e diz:
- Viu? Eu disse.

E qual o mistério?
As crianças eram negras. A mulher, branca.

Estranho pra mim é que a pergunta tenha vindo de três "estrangeiros". Pois, os meninos tinham traços turcos/árabes. Chupa essa manga!

O que me faz pensar também em quantas vezes essas crianças terão que passar por essa pergunta na vida...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O que não fazer de jeito nenhum

Mesmo que você tenha uma prima de 20 anos que você adora e fica na maior fofoca pelo whatsapp, ela lá e você aqui.
Mesmo que esteja rolando uma festinha na sua casa.
Mesmo que, por isso, você tenha bebido uma garrafa de vinho sozinha para comemorar seu retorno.
Mesmo que você queira mostrar pra sua prima que você está bem e feliz.
Mesmo que seja final de semana e a família de lá tenha resolvido se reunir na praia para comemorar o aniversário de um tio.
Mesmo que essa prima esteja lá, no meio da família.
Mesmo.

Não vá para o banheiro da sua casa, enquanto estão todos na sala, para gravar um vídeo vexatório e mande para sua prima.
Porque mesmo que ela te ame, ela perde a prima, mas não perde a piada.
Ela vai mostrar para toda a família que está reunida. E sua mãe vai dizer: "nunca vi minha filha assim". Mas, você também está feliz, não esqueça disso.

Mesmo assim, não faça.
No dia seguinte você vai acordar não só de ressaca, como arrependida!
Palavra de quem tem experiência!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mudança de hábitos e vida nova


2013 começou diferente. Porque não dizer, promissor. Enfim, tenho minha saúde de volta. Enfim, posso recomeçar a vida. Mas, como todo baque, em seguida, vem a mudança. Pena precisarmos, muitas vezes, de uma porrada pra admitirmos que alguma coisa precisa mudar nas nossas vidas.

Tirando a adolescência, minha vida adulta foi muito sedentária. Até então, não me preocupava com a saúde do meu corpo, com a alimentação, com noites bem dormidas. Não era muito vaidosa, achava que ter um peso legal já era o suficiente.

Aí veio a fase punk, em que meu sistema imunológico ficou mais frágil que uma bolha de sabão e eu precisei dar a volta por cima. Eu aprendi a importância de um corpo saudável, acompanhado da mente, claro. Aprendi a importância de manter os músculos em atividade, para não perdê-los. Acredite, eu senti falta deles. Aprendi que alguns minutos numa bicicleta levantam qualquer astral. Aprendi que não custa nada dar um pouco mais de atenção para o seu corpo. Aprendi que tem coisas que eu gostava de fazer quando era criança que, hoje, ajudam a distrair minha mente e a relaxar. Quem precisa de meditação quando se pode também "esquecer o mundo" desenhando e pintando?

E melhor que isso: aprendi a vibrar com os meus pequenos avanços. Começar fazendo 10 minutos de malhação, porque era só o que o corpo aguentava, e passar para 1h e 10 min em 5 semanas, querendo mais.

Meu compromisso agora é comigo. É manter o ritmo. É olhar para o espelho e dizer: you rock! É admitir que saúde está ligada a alimentação, movimento constante e um amor. E continuar com tudo isso. Porque eu ainda tenho muita química pra tirar do meu corpo e ainda não cheguei ao ideal. Foram só 5 semanas, ainda preciso de um ano pra poder arriscar mais, para alcançar o equilíbrio.

O que importa é que o ponta pé inicial já foi dado e a vontade de continuar está aqui. Saúde!

A Si e a Ana devem estar orgulhosas de mim agora.