sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Expressando ideias (ou não)

Sabe quando você tem aquela ideia extraodinariamente maravilhosa, mas que só funciona na sua cabeça? Pois é!

Aí, você senta com pessoas (alemãs) para tentar explicar, tendo todos os argumentos (em português) na cabeça e na hora de falar (em alemão, claro), por mais que você use o vocabulário adequado, a pessoa te olha ainda com cara de interrogação e faz uma pergunta que não tem nada a ver com o que você realmente queria dizer? Pois é!²

Ando assim ultimamente. Estou com uma ideia "supimpa" na cachola, preciso da opinião alheia, mas o povo não entende o que eu quero realmente dizer.

Eu sei que o problema está em mim. Eu ainda preciso estruturar a ideia direito, sair da fase de empolgação e partir para a razão. Não achar que as pessoas são obrigadas a olhar para a ideia com o mesmo entusiasmo. Às vezes, quando os amigos fazem o papel do advogado do diabo é muito bom. E é isso que preciso também.

Agora estou aqui, com o Word aberto, tentando transformar pensamentos em palavras e só consigo pensar em: no restaurante vietnamita que marido e eu vamos conhecer amanhã.

Tipo, minha filha, assim não dá, né? Povo vai continuar sem te entender.

Eu não tenho conserto.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Presentinhos

Com a visita que recebemos no início do mês, ganhei um pacotinho enviado pela minha mãe com algumas coisas que pedi do Brasil.

Super simples, só pedi esmaltes, uma canga e bis. Sim, bis. Minha mãe me mandou cinco caixas de bis. Não dou nem divido com ninguém. Cheguei a esse nível de comportamento, vejam só vocês.

Os esmaltes pedi porque acho os daqui com qualidade inferior e as cores do Brasil são mais quentes. Apesar de que, nem posso reclamar muito da variedade de cores daqui, tem pra todos os gostos. O negócio é a qualidade mesmo, porque os brasileiros não descascam com tanta facilidade.

E a canga... bom, a canga é um caso à parte. Eu queria uma para deixar sempre na bolsa, já que o tecido é leve e maleável, para quando o carnaval verão chegar. É prático. Deu vontade de ir para o parque, canga estrategicamente na bolsa, senta lá na graminha e aproveita o sol.

Aí minha mãe me pergunta: "Quer uma canga que te lembre o Brasil ou a Bahia?" Eu: "Claaaaro!!".

E chega isso na minha casa:
Gente, sério, vocês acham mesmo que eu vou ter coragem de colocar essa lindeza no chão? Está quase indo para uma moldura, isso sim!

P.S. Péssima foto, eu sei.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Da necessidade de uma constante autoafirmação

Eu posso!
Eu consigo!
Eu sou capaz!

Outro dia minha enteada veio me contar sobre um documentário que ela assistiu, em que um diretor de dança, no intervalo de cinco semanas, fez com que crianças de uma escola alemã aprendessem e apresentassem um difícil espetáculo de dança, com, entre outras coisas, o trabalho de autoafirmação. Mostrando e convencendo os alunos de que eles eram capazes.

Fiquei pensando em como nós, enquanto sociedade, duvidamos das capacidades dos outros e de nós mesmos. Quando um aluno de escola pública chega para um professor e conta querer estudar medicina. Talvez, a primeira reação do professor seja rir e dizer que o aluno deve tentar outro curso mais "fácil". Enquanto o que deveria acontecer mesmo era que ele dissesse: "é difícil sim, mas se você se esforçar um pouco mais, quem sabe você não consegue?"

É provável que ele não consiga. Mas, quem tem que decidir (ou experimentar) é a própria pessoa, não o outro. Não temos o direito de destruir sonhos. Devemos mostrar alternativas. Ou facilitar o caminho.

Decidir mudar de país também é um processo constante de autoafirmação. Ao invés de repetirmos o mantra de todo estudante de uma nova língua "nunca vou conseguir aprender essa língua difícil", poderíamos mudar o discurso para "eu vou aprender, mesmo que seja difícil".

No início, estamos perdidos, voltamos a ser a criança que tem que aprender a andar sozinho nas ruas novas, que não sabe falar, que não consegue decidir sozinho. A insegurança em pessoa. Com a diferença de que somos adultos e não temos mais a mente sem julgamentos e preconceitos de uma criança. Travamos. Nós, ao contrário, somos nossos maiores críticos. "O que será que essa pessoa está pensando de mim?", "Estou fazendo isso certo?", "Porque eu não consigo como o meu colega consegue?" Toda crítica nos derruba. Todo fracasso nos desanima.

Esquecemos que, para quem acabou de chegar, errar é uma forma de aprender. No fundo, não existe uma forma certa. Fracassos são experiências. Críticas podem ser descartadas ou trabalhadas. Aí, quando chegarmos aos 60 anos é que perceberemos que passamos uma vida inteira vivendo nos adequando, como achamos que os outros queriam que vivêssemos e resolvemos chutar o balde. Já ouvi de alguns que é nessa idade que a vida fica mais leve.

Precisamos mesmo esperar até os 60 anos?

Não foi à toa que eu escrevi esse texto aqui há mais de dois anos. Um outro problema da falta de ou pouca autoafirmação é estarmos mais preocupados com o que ainda não temos e duvidarmos da nossa capacidade de conseguir: o emprego dos sonhos, aquela viagem para a Grécia, a tese de mestrado, o artigo a ser publicado, o curso inacabado... E tudo aquilo que já conquistamos fica esquecido. Voltamos a questionar nossas capacidades. A autoafirmação (positiva*) é esquecida. É mais difícil? É. Pode demorar? Pode. No entanto, quem é que disse que é impossível? Eu não disse.

Pois, agora eu te desafio: faça esse exercício. Surpreenda-se!

*Positiva: porque não adianta usar a autoafirmação para se achar melhor que outros. Se é assim, alguma coisa está errada.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Acaso ou força do pensamento?

Num curso de redação que fiz no início do ano passado, conheci uma boliviana super simpática que tinha interesse em melhorar o português. Ela mora na Alemanha há 5 anos, eu acho.

Nós saímos uma vez, e uma segunda vez que tínhamos marcado, ela precisou desmarcar. De lá para cá nunca mais nos falamos.

Semana passada lembrei dela e pensei em escrever um email, convidando-a para sair. Pensamentos vão e vêm, né? Esqueci.

Eis que ontem estava indo para o centro de metrô e quem senta exatamente ao meu lado? A própria.

Eu fiquei olhando pra ela, sorrindo, esperando ela me notar, eu percebi que quanto mais eu olhava, mais incomodada ela ficava, até que decidiu olhar pra mim e deu um grito. Sou dessas.

Conversamos, trocamos rapidamente algumas novidades e prometi que ia mandar um email para ela. Já mandei, antes que perguntem. Dessa vez, eu não iria deixar o acaso passar despercebido.

Ou será que foi a força do meu pensamento?

Um Jedi eu sou.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Mudando a perspectiva cultural

Vocês já repararam que nós, brasileiros, usamos expressões no nosso dia a dia que contêm "mensagens subliminares"?

Por exemplo:
Marquei com uma amiga para nos encontrarmos às 11h. Já era 11h20, ligo pra ela e ela diz: "Tô chegando!". Esse "tô chegando" custou mais 20 minutos.

Ou, encontro um conhecido na rua e ele fala: "passa lá em casa qualquer dia desses". Ele não espera realmente que eu faça isso.

E o famoso "Deixa comigo que eu resolvo"? Aí no final da semana de trabalho, o relatório está lá inacabado, porque a pessoa não conseguiu terminar, e não pensou em avisar.

Ou, tudo que termina com "inho".
- A pizza fica pronta quando?
- Ah, só mais cinco minutinhos.

- Quando o ônibus vai passar?
- Daqui a pouquinho.

E lá se foi uma eternidade...

Agora, imagina como deve ser para um estrangeiro que acabou de chegar no Brasil e tem que aprender esses "códigos"? Também não é fácil.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O outro motivo

Então que eu sumi, fiquei offline uma semana e não parece muito. Mas, gente, a quantidade de coisa que acumulou não está no gibi. Ainda estou correndo contra o tempo e uma semana vai atropelando a outra e nem parece que o dia tem mesmo 24 horas, das quais 8 são dormindo, grassadeus.

Além da visita que recebi no Brasil, de quarta até a sexta tive a fase presencial do curso que estava fazendo. Antes disso, tínhamos que nos virar (meu grupo e eu, eu e meu grupo) para podermos terminar o projeto que era parte da avaliação.

Stress pouco foi bobagem. Isso sem falar nas picuinhas num grupo de 4 pessoas. Detalhes.

Sei que fui pra minha aula, entregamos o projeto, apresentamos para o grupo, tivemos assunto novo e ainda fizemos uma prova na quinta. Sorte que era multiple choice.

Na sexta, professora entregou as provas corrigidas e, para a minha surpresa, tirei a terceira maior nota da turma. Eu sabia que eu tinha passado, porque a professora já tinha avisado que ninguém ia precisar repetir a prova. Mas, daí a ter tido 94% de aproveitamento é outra história.

E aí tive mais um motivo para voltar para casa leve e feliz. Missão cumprida. E bem!

Contudo, outro curso longo assim só em anos... O negócio agora é arrumar emprego. Bora?

Além disso, Berlinale está rolando e eu não organizei nem um filmezinho pra ver. Preciso corrigir isso aí.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Uma visita diferente

Recebi visita de amigos do Brasil. Estavam em Paris e vieram passar quatro dias em Berlin. Não sei se foi por minha causa, ou por conta da cidade mesmo, mas eles saíram daqui apaixonados e querem voltar para ficar mais tempo.

Foi uma visita muito boa, pessoas simples que apreciam pequenas coisas e que me fizeram ver Berlin de um jeito que, ou eu já tinha esquecido ou nunca tinha percebido. Foi um exercício muito legal para mim.

Exemplo: o casal ficar besta e meio perdido na área de papelaria de uma loja de departamentos (não vou fazer propaganda) e não conseguir decidir qual canetas comprar. Casal ficar UM HORA nesse setor escolhendo TRÊS canetas. E eu achar a coisa mais fofa do mundo uma pessoa conseguir ficar deslumbrada com marcas alemãs de canetas que eu nem sabia que existiam. E o deslumbramento não tem nada a ver com o fato de serem "matutos". Era alegria mesmo. Pareciam crianças. Olhos brilhando e sorriso no rosto.

Eu me senti leve ao lado deles. Como dá pra ser feliz com pouca coisa, né?

P.S. Esse foi um dos motivos do meu sumiço essa semana. O outro motivo conto num próximo post.